Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 30 de março de 2010

Superbikes Portimão 2010

Pelo terceiro ano consecutivo, o mundial mais competitivo da velocidade internacional, esteve no fabuloso Autódromo Internacional do Algarve, onde decorreu a segunda prova de Superbikes. Em 2008, Troy Bayliss foi o dominador absoluto, 2009 a surpresa foi protagonizada por Ben Spies relegando para segundo plano todos os outros aspectos. Este ano tudo parecia estar em aberto, especialmente depois das mudanças registadas no defeso, com trocas importantes de pilotos nas formações oficiais, e alguns regressos de ex-vedetas da modalidade, como James Toseland e Chris Vermeulen, saídos do MotoGP.
Todos pilotos desejosos de vencerem num circuito que todos adoram.
Ao ver os resultados obtidos no sábado, a expectativa para as corridas de Domingo eram elevadas.
Num circuito que é um tremendo desafio, as 15 primeiras Superbikes estavam apenas separadas por um segundo. Tudo a rolar na casa do segundo 43.
Adivinhava-se aguerrida luta entre Leon Haslam (Suzuki), Michel Frabizio, Carlos Checa, ambos em Ducati, e o veterano romano, o meu favorito, Max Biaggi em Aprilia.
Quanto ao Mundial de Supersport a expectativa era igualmente alta. A equipa portuguesa da Parkalgar deu uma inequívoca demonstração de superioridade com a obtenção da pole-position de Eugene Laverty, e o brilhante sexto lugar obtido por Miguel Praia.
Domingo, e para não variar, junto com os companheiros do costume levámos “farnel”, comida e bebida de todo o tipo, este ano elegi o vinho da Quinta dos Termos, (coisa impensável num estádio de futebol, de “repentemente” as garrafas virariam mísseis ofensivos) para fazer um bodo. Sempre são em média oito a nove horas passadas naquelas bancadas, e não vale a pena passar fome nem sede. O tempo ali passado é uma festa constante, há momentos de alguma "sacanice" como a foto documenta, feita pelo meu Amigo Capitão Espargo.
Realizadas as provas de Superstock 600 e 1000, na grelha de partida a primeira manga do Mundial de Superbikes.
Tal como esperado, disputadíssima, venceu o meu favorito, Max Biaggi, que igualmente viria a vencer a segunda manga. Festejou uma dobradinha na pista algarvia.
Ficou em segundo lugar, e igualmente nas duas mangas, Leon Haslam, em Suzuki, separados, incrivelmente, no total, por apenas 4 décimos de segundo. O somatório das duas mangas totaliza mais de uma hora e quinze minutos e a Aprilia do romano Max Biaggi foi cronometrada a mais de 308 Km / h, no final da recta da meta.
Para a formação portuguesa da Parkalgar Honda foi um dia de pesadelo. Na mesma volta e no mesmo minuto. O piloto português Miguel Praia foi ás boxes com problemas no motor, Eugene Laverty que ocupava o primeiro lugar e discutia liderança das Supersport, devido a um erro, caiu. Um deslize na curva de acesso à recta interior. Foi-se o sonho, ficaram as feridas no orgulho. Contudo numa mostra de profissionalismo ímpar, sem travagem à frente levou a mota até final, amealhando cinco preciosos pontos.
Foi um dia memorável, para o ano lá estarei.
Até lá, tenho já tudo preparado, para dia 1 de Maio assistir em Jerez de la Frontera ao grande prémio de MotoGP, e ver o meu ídolo Valentino Rossi ganhar.
Ali a conversa é outra.
Por agora é tempo de preparar a “minha máquina” para os abusos da Páscoa, cinco diazinhos, que vou passar a Penamacor.
Boa Páscoa.
Zé Morgas

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dez anos

E já lá vão dez anos.
Foi no dia 19 de Março de 2000.
Estava um soalheiro dia de Inverno, a adivinhar a Primavera que chegaria daí a dias.
Desde o Magusto de 1999, que o Grupo Mototurismo Litoral Alentejano, tinha a promessa da oferta feita pelo dono do “Bar do Monte”, em Ermidas, de um porco no espeto, para fazer uma festa. Já muitas se lá tinham feito, com muito abuso à mistura, reconheço.
Sem me recordar com exactidão do número de presentes, lembro-me que compareceu muita gente. O local era convidativo à realização de agradáveis festas, que invariavelmente começavam cedo e acabavam tarde, e em verdade sempre bem regadas. Naquele Domingo cheguei por volta das onze da manhã. As noites de sábado eram sempre demasiado longas…
Carne, pão, azeitonas, vinho, cerveja, tudo com fartura para satisfazer todos os gostos.
O grelhador e a máquina da imperial entraram em acção.
Comeu-se e bebeu-se…
Foi-se o sol, cedo chegou a noite, e com ela o frio. Começam então os primeiros companheiros a regressar a casa.
O meu telemóvel tocou. Seriam quase 19 horas.
Olhei o número, era de um companheiro das motas e ouço:
- O Matos e a mulher, foram à berma e caíram, entre a Cova do Gato e a Abela.
- Vamos já para aí, disse-lhe, sem querer saber mais pormenores do que tinha acontecido.
Avisei os presentes do sucedido, e, partimos seis motas ao encontro do companheiro e companheira, caídos.
Ao passarmos no lugar, os “Boticos”, em velocidade moderada, seguia eu na retaguarda do grupo, numa curva à direita, com lomba, súbito vejo um cão, latagão, atraído pelo barulho das motas, vindo do lado direito, onde existia uma "venda", e se encontravam algumas pessoas.
Instintivamente tento corrigir a trajectória, procurando o desvio para a esquerda, para evitar o embate, mas sem hipótese, o cão meteu-se debaixo da roda dianteira da minha mota e atirou-me ao tapete de asfalto. Cai desamparadamente sobre o lado esquerdo do corpo.
Sei que por momentos, perdi a noção do que tinha acontecido e o que estava a acontecer.
Com o capacete enfiado na cabeça, começo a ouvir uma voz amiga: têm calma, não te mexas muito, já pedimos socorro.
Lembra-me de ter dito, muito combalido:
- Filho da puta de cão, e um chorrilho de impropérios que a própria existência humana poria em causa.
Ficaram admirados, soube depois, na realidade, o cão ou cadela, nenhum deles viu.
Chegada a ambulância, fui transportado para o Hospital do Conde do Bracial, em Santiago do Cacém, recordo ainda as palavras que ouvi de um dos bombeiros que me colocaram na maca:
- O cabrão é pesado.
Como tinha razão. Pesava umas gramas acima de umas respeitáveis sete arrobas.
Prestados que me foram os primeiros cuidados, foi-me dito que tinha fracturas múltiplas nas costelas, clavícula e omoplata esquerdas, e ainda, o baço partido. Tinha que seguir de imediato para Setúbal.
Porque viajava devidamente equipado, arranhões nem um. O fato e as luvas de cabedal, resistiram ao deslizar sobre o abrasivo asfalto.
Fui parar ao Hospital de São Bernardo, e fui direitinho para a sala de operações.
A operação decorreu durante o final do dia de domingo e início da noite de segunda-feira.
Apenas “dei por mim” já na terça-feira.
O choque foi brutal:
Deitado numa cama, com uns artefactos pendurados, tubos e tubinhos a injectarem-me soro nas veias, um enorme penso sobre a barriga a cobrir os pontos, algaliado, meio tonto…
Uma enfermeira ao meu lado, serenou o meu estado e respondeu ás minhas interrogações. Tudo tinha corrido bem, agora era uma questão de repouso e tempo para sarar as fracturas dos ossos.
Disse-lhe que nesse sábado próximo casava um amigo meu, e que queria ir ao seu casamento. Queria beber uns Swings, perguntou-me o que era, o meu whisky de eleição, respondi-lhe.
Riu-se, recordo-me.
Mas a vida prega-nos partidas.
Duas ou três noites depois, ao raiar do alvorecer, numa das rotineiras visitas que o pessoal de serviço faz, uma enfermeira dá comigo a tremer de tal forma, que até a cama abanava. Chamou ajuda, e eu, prostrado ali naquela cama, ouvia já longe uma voz aflita que dizia:
- Oh Meus Deus o rapaz vai-se embora, o rapaz marcha. Esta pneumonia leva-o.
Porra, a voz era da enfermeira, o rapaz era eu.
Não, não posso morrer, a minha Mãe não merece esse desgosto.
É dor que poderá não suportar.
A pensar na minha Mãe Maria agarrei-me à vida.
Percebi então, Mãe que é Mãe, é Mãe a vida inteira.
Foram três dias terríveis. Já me encontrava deveras fragilizado, agora estava de um momento para o outro, dependente de máquinas, soro, medicamentos e de terceiros para sobreviver. Um gajo como eu, habituado a comportamentos abrutalhados, nem força tinha para erguer um talher e levar a comida à boca. Durante o dia sempre era mais fácil pedir qualquer coisa, que ajeitassem alguma coisa, pedir algo para beber, ou até mesmo ajuda para mudar de posição, dado que a imobilidade forçada durante horas sem fim não só é fisicamente desconfortável, como psicologicamente fica à beira do intolerável.
Das noites, ainda mais sofridas, nem me quero recordar.
A agravar a situação surge um derrame no pulmão esquerdo. Vai mais um furo nesta carne martirizada, e lá ouvia a médica para a auxiliar: o de sessenta não passa, dá cá um de cinquenta e cinco, também não, têm as costelas muito juntas…, lá serviu o de quarenta e cinco, mais um tubo de dreno, mais um frasco no chão… e a ajuda de respiração artificial.
Desgraçadamente nem força tinha para berrar, com as dores sentidas, apenas uns gemidos de um quase moribundo.
Conheci a fragilidade de que somos feitos e que nos ameaça, cruel e sem pré-aviso.
Não sei se tenho medo de morrer ou não, não quero é sofrer, nem fazer sofrer.
Sofrer é uma injustiça.
Foi o meu maior combate de sempre. Que venci, com peças a menos.
Foram vinte e quatro dias hospitalizado e vinte e dois quilinhos perdidos.
A partir daí dei comigo a pensar sobre os imponderáveis da vida, e como tudo pode cair por terra num fragmento de segundo: planos, projectos, sonhos, independentemente do perfil profissional, pessoal ou de outra natureza.
Algumas vezes me vi parado, a olhar a imensidão do oceano, a pensar na importância que realmente devia dar a questões que me assolavam o espírito.
Até então sempre tinha vivido num frenesim de vida, em que estava mais interessado em dar vida aos anos que anos à vida.
Quis rapidamente voltar à minha vida normal. Contudo, nesta fase de convalescença, de baixa médica durante seis meses e meio, arredado do bulício do trabalho de turnos, as noites domingueiras, por vezes tinham a dimensão de uma derrocada. Era precisamente nos domingos à noite, que sentia os momentos mais terríveis da solidão. Quase tudo fechava ao domingo. Quase todos os meus amigos, era o dia que reservavam para a família.
Cheguei a pensar que o peso da solidão mata.
Tinha conhecido pouco tempo antes da queda de mota, alguém muito especial. Sei que é em momentos de fragilidade que por vezes surge a outra metade… senti uma ténue vocação, não suficiente, para amar. Senti da outra parte, uma vocação enorme, mais do que para amar, em ser mãe. Descobri também na altura, que há algo dentro de nós que nos alerta, quando estamos perante aquela pessoa que nos pode completar para o resto da vida. Não senti esse alerta para decidir seguir as leis do coração. Não consegui assumir o amor por essa mulher.
Sempre vivi uma vida celibatária, não abstinente, confesso humildemente.
Jamais quereria vidas duplas e viver de aparências.
Preferi magoar e desiludir algumas pessoas que enganá-las a vida inteira, sabendo que a partir da saída deixava de haver uma porta aberta. Distanciei-me para esquecer.
O frio na alma persistia.
Veio depois, a mais agitada e conturbada época da minha vida. Não sei se vivida loucamente ou loucamente vivida.
Maratonas gastronómicas, conversas de nalgas, rodízios de sexo... e algum trabalho.
Os meus amigos da altura partilhavam os mesmos ideais de vida que eu. Quis o destino, que nos locais que frequentávamos, facilmente encontrássemos mulheres com a mesma moral sexual que defendíamos, e sempre desejosas de fazer sexo mais frequentemente que nós. A dificuldade era somente a escolha, que era vasta, e convenhamos, aos olhos, de muito boa qualidade.
O despe, curte, veste, tornou-se um ritual. Quase diário e sempre variado. Quando a qualidade das eleitas o exigia, havia honras de segunda e mais vezes.
Desbravar corpos era já uma obsessão.
Uma vida de abusos de todo o tipo, vivida sem sabedoria de vida, pecou pela facilidade das soluções fáceis e enganosas, uma vida sem espírito de missão. Foi uma vida de estoiro. Onde alguns estoiraram tudo. Completamente.
Não quero voltar nem aos erros nem aos abusos do passado.
Percebi tarde, mas ainda a tempo, que estava na rota errada para o meu destino.
O tempo tudo ensina, o tempo tudo traz.
Até a verdade.
Voltando ao cão, e como não morri naquele local, cilindrado…
Como nenhum dos meus companheiros viu o cão, várias foram as vezes que ao falar do acidente, os meus companheiros gozassem comigo:
- Qual cão, trazias era uma valente cadela e caiu.
Confesso que por vezes isto me gerava alguns contornos de embaraço, e uma revolta interior que a custo dominava.
Sabia que tinha visto o cão, sabia que me tinha abalroado a roda dianteira da minha mota, jogando-me ao tapete.
Quis mais uma vez o destino, que há bem pouco tempo, nas comemorações das festas do desporto do concelho de Santiago do Cacém, no passeio mototurístico realizado pelas freguesias, parasse o grupo num café na Abela.
Estava no café um familiar do Matos, o outro elemento que caiu no mesmo dia que eu, com uns amigos.
E foi um amigo que me disse:
- Lembra-se de mim? Vi-o no hospital um dia que fui lá ver o Matos.
- Sim lembro-me, aliás já nos vimos ali no café do Pardelha. Disse-lhe.
- Vou-lhe dizer uma coisa. Sabe, eu estava ao pé da velha, a dona do cão, quando o cão foi direito à estrada e se jogou à sua mota e o derrubou. A velha só dizia: Ai Jesus, Ai Jesus, temos que ver onde está o cão e enterrá-lo longe daqui.
Completamente surpreendido pela revelação, chamei os meus amigos L. Granja e J. Morais, que estavam na ponta oposta do balcão do café, e pedi ao senhor, apenas para lhes repetir o que eu tinha ouvido.
Repetiu o dito, e mais disse que a velha foi logo pela manhã cedo à procura do cão, para o enterrar, afim de ocultar a prova. O cão tinha morrido a uns vinte metros do local do acidente.
Um dia far-se-á justiça e estas mentes tão tacanhas, como a da velha.
A verdade com o tempo acaba sempre por surgir.
E, não morri, cilindrado por uma carrinha, nesse local do acidente, devido ao olhar atento de uma Mulher.
Teria sido, talvez a primeira vez, depois do acidente, que tinha ido a Deixa o Resto, à Tasquinha do Ilídio, comer um divinal ensopado de enguias.
Estava a meio do repasto e chega o meu amigo Zé Manel, electricista de profissão, e me pergunta:
- Como vai isso?
- Estou pronto para outra.
- Vou-te contar uma coisa. Antes do acidente, tinhas ultrapassado uma carrinha, lembras-te?
- Tenho uma vaga ideia.
- Era eu, vinha com a minha mulher. Reparei ao passar a lomba em algo na estrada e disse-lhe que estava ali qualquer coisa, quando me começa a berrar: PÁRA, PÁRA que é um homem. Eras tu, caído, enrolado, virado para Ermidas, todo vestido de preto, confundido com o alcatrão.
- A posição em que estava não sei, mas o blusão e as calças eram em cabedal preto. No capacete, tinha e tenho uma faixa reflectora, mas nessa posição não era visível de facto.
- Se a minha mulher não berra ao ver-te, tinhas levado com a carrinha em cima. Não sei como ficarias, ou se ainda cá andarias. Eu fui a primeira pessoa a parar ao pé de ti, sem na altura saber que eras tu que ali estava acidentado. Só depois chegaram os teus companheiros, quando deram pela tua falta.
- Agradece por mim à Senhora tua esposa. Nem tudo pode ser mau na vida.
Ás vezes há horas de sorte.
Tive-a naquele momento. Caído na estrada, partido como estava, tive ainda a sorte de não ser cilindrado por uma carrinha de uma pessoa que conhecia.
Sorte que mais vezes, espero, me acompanhe pelo resto da vida.
Como espero e quero, ainda, encontrar a sabedoria de vida que me conduza à missão da vida que estou a tempo de cumprir, ser feliz, fazer alguém imensamente feliz, partilhar felicidade.
E porque a vida não pode parar, amanhã, sábado, vou almoçar ao Restaurante Casa do Ermitão, em Mangualde.
Situado no alto de um monte, junto ao templo de Nossa Senhora do Castelo, tem vista privilegiada sobre Mangualde e oferece grande diversidade de cozinha regional.
Foi o local escolhido pelo meu comandante de pelotão na recruta, na Força Aérea Portuguesa, para o encontro convívio 2010, dos “Panterinhas”, cognome porque eram conhecidos os elementos do meu pelotão.
Será que um “Panterinha” pode virar ”Eremita”? Ele há coisas…
De Domingo até quarta-feira, ficarei a “giboiar” em Penamacor, no gozo de mais uma merecida folga.
Quarta-feira, logo após o almoço, regresso a Sines, para mais uma jantarada de turno na marisqueira - restaurante “Cais da Estação”, afim de ultimarmos os pormenores da viagem a Madrid, para daí a um mês.
Dia 28, dia grande para os amantes das duas rodas, segunda prova do Mundial de Super Bikes, em Portimão.
Lá estarei. Já tenho o meu bilhete para Bancada A, e que me permite o acesso a todas as outras bancadas.
De 1 a 5 de Abril, estarei em Penamacor.
É Páscoa, e realiza-se a festa em Honra da Padroeira do concelho:
Nossa Senhora do Incenso.
Boa Páscoa, com muita coisinha doce…
Zé Morgas

segunda-feira, 8 de março de 2010

França. Junho 2010

Como combinado, à hora marcada, estava o núcleo duro do Grupo Mototurismo Litoral Alentejano reunido, em casa de um companheiro das duas rodas.
No regresso do passeio a Moncarapacho, no restaurante “O Pires” em Moreanes, decidiu o grupo durante o almoço, como destino para a grande viagem de 2010, a realizar em Junho, Davos, na Suiça, com passagem pelo mais alto viaduto do Mundo, sito em Millau, França,
Cada qual tratou de saber os dias que podia dispor para o mês indicado.
Conclui-se ser o período entre 19 e 27 de Junho, o que melhor servia os interesses da maioria. Feito um primeiro estudo de percursos, chegámos à conclusão que para esta viagem a Davos, o número de dias disponíveis, não eram suficientes. Exigia grandes tiradas diárias, com um maior sacrifício para as penduras, e, pouco divertimento e visitas.
Tinha eu, desde há uns tempos, um percurso feito até França: Andorra, Lourdes e Pirinéus. Resolveu o H.M. aproveitar a ideia, e ficou cada qual de dar uma opinião sobre o percurso, locais de visita, e as alterações a introduzir. O percurso estava feito para duas motas, quatro pessoas. Uma das motas, era um “Pau de Burro”, uma pachorrenta Harley Davidson. Quando for velho… também quero ter uma.
Apenas o P.C., aproveitando a ideia base, propôs duas pequenas alterações.
Como o prazer dos elementos deste núcleo duro, G.M.L.A. reside na partilha de conhecimentos e decisões, chega-se ao consenso através de um processo dialéctico.
Neste grupo, cada qual pode arriscar uma opinião sem cuidar muito do rigor, em jeito de desafio.
É um direito de todos.
Um misto, do percurso base idealizado e a as alterações propostas pelo P.C., com uma pequena correcção sugerida por mim, foi a solução por todos acordada.
O percurso e os locais bases para dormir, estão definidos.
V.N. Santo André, Zaragoza, Andorra, Lourdes, Pau, Bayonne, Hendaye, S. Sebastian, Bilbao, Ávila, e regresso ao lar, doce lar.
Totaliza e percurso cerca de 3500 quilómetros.
Há já catorze inscrições!
Cabe agora, escolher os hotéis, privilegiando sempre o melhor compromisso preço – qualidade, com garagem de preferência, jamais alguém dormiria descansado, sabendo a Sua Mota abandonada ao relento na rua, e os pontos mais importantes a visitar.
Grutas de Lombrives, C. du Tourmalet, museu Gaudi, etc, etc...
Mais uma vez, cada qual contribuirá com as suas propostas. Estas serão apresentadas, no início de Abril, em Moreanes, no restaurante “O Pires”, à volta de umas cabecinhas de borrego, um bom tinto, e das tais sobremesas divinais que por lá abundam.
A vida é demasiado curta, tanto, para se beber mau vinho, como, para se desperdiçarem os prazeres: da mesa e destas pequenas viagens.
Sempre gostei que os sonhos desafiem a realidade, transportando-me à ideia de um futuro luminoso.
Zé Morgas