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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Estados da Alma - 7


Há decisões dificeis de tomar.
Sei por experiência vivida, que quase sempre é mais fácil não falar do que dizer aquilo que não se deve.
O Natal já passou, prestes a chegar a mais uma Passagem de Ano, olho para este ano quase a terminar e fico de certa forma infeliz, sem retratar os maus bocados que passei com o operação a que fui sujeito, as complicaçõe pós operaratórias, a recuperação plena que tarda e me permita voltar ao trabalho sem restrições.
Sempre tive do Natal a ideia de uma época que produz muitos efeitos, menos a indiferença.
É uma data comemorada muito antes do cristianismo, cristianismo que se apoderou da data com três funções: reprimir os cultos pagãos, usar dos seus mitos para reforçar o cristianismo nascente, e servir de data para o insabido dia do nascimento de Cristo.
Nada como comemorar a vinda de um salvador, aliás, como nunca, hoje estamos desesperadamente a precisar de um.
Mas é preciso ser um cristão delirante para acreditar que o que move o Natal hoje seria a comemoração da vinda de Cristo.
O Natal começou como uma festa religiosa, hoje toma contornos de uma confluência de rituais e mitos difíceis de dissecar.
A festa do Natal está idolatrada à religião do consumo. Não sei se num futuro se voltará a comemorar a festa pagã com o ressurgimento de simbolos de antigas religiões e mitologias que o cristianismo reprimiu.
O Natal deve ser pensado em conexão com a dita crise do papel da família. A família que temos hoje não é mais a mesma fortemente contestada do tempo do pós guerra.
Na verdade a família mudou muito, há um espaço de liberdade e tolerância dentro dela que antes não existia. Há abusos e situações intoleráveis, é verdade. Mas ainda é a família.
A festa de Natal convoca cada um para que assuma o seu lugar na família.
O jantar de consoada, mais ou menos lauto e festivo, termina sendo para todos uma espécie de teste.
Durante o ano podemos variar e ensaiar posição frente à família, mas na festa da consoada o lugar está reservado.
As conversas em torno das batatas, das couves e do bacalhau para os solteiros por vezes torna-se um drama, pois nesse dia lhes é cobrado, ainda que ninguém diga nada, a sua solidão.
Sabem todos que ali é o dia de mostrar as melhores intenções quanto à continuidade da família.
A festa natalícia pede crianchinhas e o compromisso de “crescei e multiplicai-vos”.
Este ano, sem nada e ver com o atrás dito, maleitas insanáveis na família, que muito agravam cada vez mais a débil saúde da minha querida Mãe, saboreei o gosto amargo de não ter preenchido o lugar no jantar de consoada que um dia já foi meu, não pelo que não comi feito pela minha santa Mãe, mas por saber o desgosto, a dor e a tristeza que a minha ausência lhe causa, somente compensada com um telefonema que sei lhe devolve a alegria e a esperança.
A Minha Mãe, peça fundamental da minha vida, aquela cujo beijo me acalma mesmo nos momentos mais complicados, aquela que não me falta mesmo quando não mereço;
Mãe que é tudo o que sempre idealizei mesmo quando parece ausente e alheada do mundo;
Mãe que é um dos meus pilares, é a certeza que tenho de que tudo vai correr bem mesmo quando tudo parece que não pode correr pior.
Nesta quadra, só, (deixo aqui em registo neste modesto texto do Zé Morgas aos meus amigos que me telefonaram, as desculpas pela minha ausência e recusa aos convites feitos) e a sós com os meus pensamentos, passeando à beira mar a olhar o imenso Oceano Atlântico e a Lagoa de Santo André, acabei por repensar aquilo que queria realmente para a minha vida e estou muito feliz por ter tido a coragem de ter tido esses pensamentos.
Por vezes creio que se impõe abandonar a vida que idealizámos, os projectos, as paixões, para viver a vida que vivemos e agradecer aquilo que temos em vez do habitual queixume sobre o que se não têm.
Não sei se a mudança me assusta, confesso, viver sem projectos nem paixões, mas julgo que será possível.
Começo a gostar da solidão, da vida do passado sem saudade.
Acho que já não sei viver de outra maneira. Começo a adorar a solidão, gosto de observar o mar em silêncio, beber o néctar de Baco, andar de Mota, viajar sem compromissos. Há quem pense que sou uma pessoa má só porque não quero viver com ninguém. Há complicómetros com os quais já não afino.
Não sou saudosista, quero viver no passado. Sou um homem simples do passado, do tempo em que se brincava na rua, aprendendo a lidar com o risco, nem sei o que é isso de saudade.
O que vivi, aquilo de que abusei, por mais nada me quero interessar. Apenas viver...
Aproxima-se o final do ano, o período de balanço de todos os anseios tidos.
Geralmente ficamos sempre aquém do que desejámos e as nossas melhores esperanças nem sempre atingidas, e os sonhos nem sempre realizados.
Um novo ano vai começar, e para os que ainda acreditam, desejo-vos sorte para o recomeçar dos sonhos e da esperança.
Bom Ano 2013
Zé Morgas

sábado, 15 de dezembro de 2012

Carta Aberta XXVIII - Sr. Presidente C.M.Penamacor


Sr. Presidente
O Natal está próximo e o Fim de Ano não tardará a chegar.
Nada tenho contra o Natal, não gosto desse dia, porque nós todos existimos 365 dias por ano, e todos os dias deveriam ser dia de Natal.
O problema é que um dia como esse continua a ser de extrema importância, quando nos 364 dias do ano são relativamente poucas as pessoas que se lembram das desgraças e dos problemas dos mais carenciados e mais necessitados.
Sr. Presidente
Transcrevo aqui as palavras lidas na rede social Facebook “Um convite ao debate regionalpostadas, não sei se como prendinha de Natal, por um destacado autarca do concelho, natural de Penamacor:
Um convite ao debate regional
Com o objectivo de reorganizar as NUTS (Nomenclaturas de Unidades Territoriais - para fins Estatísticos), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Centro está a trabalhar numa proposta para o Governo sobre a região Centro.
Ontem um conjunto de Autarcas do Concelho de Penamacor debateu com o Presidente da CCDR Centro Prof.
Pedro Saraiva o modelo que aquela CCDR irá propor ao Governo.
Em Fevereiro (data da Próxima Assembleia Municipal) este mapa (proposto pela CCDR) será discutido. Gostava de ter a vossa opinião
Reproduzo igualmente um comentário postado por um Penamacorense:
E porque não, destas sete NUTS, apenas uma, para ver se conseguia-mos mais poder reindivicativo? Isto não passa de mais uma discussão sobre o sexo dos anjos. Esta CCDR é mais uma daquelas comissões que não servem para nada, a não ser, em conjunto com todas as outras que se criaram, levarem uma grande parte do nosso orçamento. Preocupem-se é com o estado do país, das pessoas e das empresas...com mais um aumento de 2,8% na electricidade, com o numero galopante do desemprego, com o IVA a 23% a levar muitas pequenas e medias empresas à falência.
JÁ NÃO HÁ PACHORRA!
Sr. Presidente
Concordo em absoluto com o teor do dito comentário.
Habituados como estão os Penamacorenses ao luto das promessas feitas com grandes rasgos retóricos e compromissos eleitorais sem ideias concretas, assumidos pelo edil em exercício no quadrénio quase a findar, muitos falhados ou tardiamente cumpridos, ao excesso em excesso das monumentais "obras mamarrachais" realizadas, sorvedoras dos parcos recursos da autarquia que conduziram todo o concelho à derrocada fatal, desertificado e envelhecido, obviamente motivos que não deixam ninguém satisfeito, são agora chamados via Facebook, a grande maioria dos residentes e posso afirmá-lo com toda a convicção, nem sabe sequer como se liga um computador, a dar a sua opinião se querem pertencer a Castelo Branco, região do Tejo e do Zêzere, ou à Guarda, região da Beira Interior e Serra da Estrela.
Quando o Povo estava ansiosamente à espera de saber como se reorganizariam as freguesias do concelho ao abrigo do novo mapa, leva agora com uma nova cacetada:
- A quem quereis pertencer?
Cheira-me que a decisão está tomada e a solução passa pela Guarda.
A ver vamos...
Sr. Presidente
Fico contente em saber que o processo de classificação do Castelo de Penamacor, símbolo da vila, a Monumento Nacional, iniciado em 1943, 69 anos passados poderá estar a dias de ser resolvido, tal como o conjunto do qual fazem parte a Domus Municipalis, e criação futura de uma zona geral de protecção, que inclui as igrejas da Misericórdia e de S. Pedro, o Pelourinho e o Poço D'el Rei.
Constatei igualmente numa das minha últimas idas a Penamacor que a Câmara comprou e requalificou um quintal junto à torre do relógio.
Há um ano aconselhei solução idêntica, comprar e requalificar,  para o casario que envolve o Baluarte da Polé.
Sr. Presidente
Insistindo uma vez mais no que já foi tema em anterior carta aberta dirigida a Vª Exª, fácil é verificar em Penamacor que se agravam cada vez mais, como em muitas freguesias do concelho, as condições de bastantes imóveis abandonados, ou à espera de novo dono, etc. etc...
É altura de a Câmara fazer uma requalificação das casas de Penamacor, fechadas, abandonadas, em perigo de ruirem, e classificar o que pode ser reconstruido e o que deve ser demolido.
Sabemos que houve erros no passado, excesso de construção e falta de proporção na largura das vias que terão a todo o custo de ser corrigidos.
Devem ser devolvidos ao Povo os locais com história, que a História fizeram.
Penamacor têm um rico património, o mesmo acontece com algumas das freguesias do concelho, que deve fazer as delícias de quem visita a vila e o concelho.
Estas fotos são do baluarte do Reduto e do chafariz do Reduto.
Não precisam legendas, está tudo à vista.
Numa perspectiva futura de incremento ao Turismo, a Câmara Municipal de Penamacor não pode desperdiçar os maravilhosos pontos de visita que a vila dispõe, antes que outros interesses os devorem com danosas utilizações.
Um bonito ponto de interesse para um futuro circuito a integrar num roteiro turístico, sem dúvida mais atractivo e melhor frequentado que o colossal mamarracho do Sumagral, além da melhoria de segurança que trará aos entroncamentos da Rua dos Bombeiros Voluntários e da Estrada da Cavaleira com a Rua Miguel Bombarda, mais conhecida por Rua de Carros.
Uma boa prenda ao povo Penamacorense.
 
A todos desejo
Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Zé Morgas