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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Barragem de Alqueva













No que respeita ao Alqueva, o nível da descarga aumentou ontem para 1,36 milhões de litros por segundo – mais 360 mil litros do que no dia anterior –, 400 mil dos quais debitados pela produção de energia e o resto pelos dois descarregadores”.
Foi ao ler esta notícia no Correio da Manhã, há uns dias atrás, que decidi visitar a barragem de Alqueva. A última vez que lá tinha estado, remonta ao ano de 2000, 13 de Fevereiro. Organizou nessa data, o meu grupo de mototurismo, um passeio a Moura, com uma visita a um lagar de vara. Tirou o grupo uma foto na velhinha ponte, entretanto demolida, com o paredão em construção como pano de fundo.
Mais, ao ler a notícia, veio-me igualmente ao pensamento uma visita que fiz com o meu amigo “Ruço” à barragem de Itaipu, no rio Paraná, na Foz do Iguaçu, no Brasil. Uma barragem com um paredão monstruoso, têm mais de sete quilómetros de comprimento.
Simplesmente impressionante.
Tivemos a sorte de nesse dia ver um espectáculo único, belo. Uma descarga de água, não sei, se jamais voltarei a ver outra com a mesma imponência. Lembro-me de ter ouvido, da parte do guia da barragem, que o caudal da descarga era superior ao caudal das cataratas da Foz do Iguaçú.
Foi com a esperança de ver novamente esse grandioso espectáculo, que no domingo me desloquei até á barragem de Alqueva.
Assim que cheguei, constatei logo que as descargas estavam fechadas. Paciência, outras oportunidades haverá. Triste como eu, deveriam estar os milhares de pessoas que ali se deslocaram nesse dia.
Contudo, torna-se um passeio agradável e bonito, rolar pela M 517 e pela N 256 com a água quase a lamber o asfalto. È um dia bem passado, com um generoso intervalo, para um bom almoço. Seja por Serpa, Moura, Amareleja, Mourão, Reguengos, Monsaraz, etc. A oferta é muita e de qualidade.





















Zé Morgas

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lagoa de Santo André

A Lagoa de Santo André está cheia. Há muitos anos que a não via assim. É aqui que crescem as melhores enguias do país. As que eu já comi, fritas, caldeirada, ensopado, e caso raro, de vez em quando lá aparece umas daquelas "talegas". Escaladinha, na brasa, é simplesmente uma delícia. Dentro de dias, perdoando-me o pecado da gula, lá tenho que me atabojar em mais um tachinho. Espero apenas confirmação de data, de pessoas amigas, para me acompanharem no delicioso pitéu.


















Zé Morgas

Tipicamente Alentejano

importado de autor desconhecido


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Estados da Alma - 1

A noite já ia longa quando entrei no meu apartamento em Sines para dormir. Tenho andado pensativo. Acordei tarde, tomei um duche, vesti-me e espreitei o mar do alto da minha varanda.
Belo, demasiadamente belo.
Fui almoçar, e para fazer a digestão, resolvi vir ate aqui, à praia da Lagoa de Santo André.
É um pequeno luxo estar aqui, sem ligar à passagem do tempo.
Aqui, na praia, deixo-me acariciar pelo vento e escuto o murmúrio das ondas.
Aqui, na praia, recordo o Natal. O Natal passado em Penamacor.
Natal sem filhós e sem vinho não é tradição.
O vinho!
E o que faz o vinho?
O vinho pode sacar
Coisas que o Homem quer calar,
Que deveriam sair
Quando o Homem bebe água.
Vai buscando coisas peito dentro
Pelo silêncio da Alma,
E lhes vai pondo vozes
E formando palavras.
Ás vezes saca uma pena,
Que por ser pena é amarga.
Sobre o palco do fogo
A põe a bailar descalça,
Baila e bailando cresce,
Até que o vinho acabe.
E então?
Volta a pena a ser o silêncio da alma…
(Alberto Cortez, El Viño)
Fazendo justiça à tradição, cumpri com a minha parte, talvez exageradamente, isso me chamou à atenção a minha Querida Mãe Maria da Conceição Salgueiro, que com os seus oitenta e um anos, me trata aos quarenta e oito anos, como se fosse ainda o seu eterno menino, no Dia de Natal:
“Filho, ontem estavas com dois tintinhos”.
Pudera, um almoço de leitão bem regado a Murganheira tinto, soterrado com umas CRF’s de reserva, umas bejecas bem bebidas durante a tarde, depois da alegria que foi ver no Foral, alguém, com aquela aura incrível de diva e uma simplicidade tremenda de uma normal pessoa de rua. Que mais vezes ainda lá vi.
Em verdade, quando fui comer o bacalhau cozido com as batatas e as couves, na Noite de Consoada, já ia em avançado estado de decomposição etílica. Creio que até podia ver duas divas, mas via apenas, aquela, que parece ter olhos que não me vêm.
Aqui, na praia, imagino como o seu cabelo será bonito, a ondular com a brisa marítima.
Fiz-me à estrada, rumo aqui ao litoral alentejano, dia 26.
Tinha que vir trabalhar, até dia 1 de Janeiro.
A noite da passagem de ano foi comemorada com um bolo-rei e umas garrafas de sumo de laranja e cenoura, no meu local de trabalho, com os meus colegas do turno.
Trabalho!
Felizmente o trabalho não ocupa demasiado a minha vida, e essa também não é a minha opção. Não quero ter uma vida em que o trabalho dite tudo. Quero apenas e acima de tudo, um trabalho que me permita uma determinada qualidade de vida. Quero trabalho, mas quero viver. Viver esta curta passagem pela vida em toda a plenitude. Este querer viver levou-me a uma vida que não a tradicional. Não sou uma pessoa fácil, nem uma aposta fácil para uma relação estável. Com a vida que tenho feito até agora, não tenho dúvidas que me poderia tornar alguém complicado, só pelo facto de pensar que para um equilíbrio perfeito é mais importante a vida pessoal que a profissional. Prezo muito a minha independência, e pesando na balança entre uma relação ou a minha liberdade, esta última ficou sempre a ganhar.
Sonhei muito com a minha liberdade.
Por isso, tive sexo, mas não tive namorada.
Por isso, nunca quis ser rico, apenas quis ser livre.
Por isso, tenho vivido de uma forma estruturalmente livre, mas organizadamente cumpridora.
É esta minha liberdade que me permitiu, de repente, dia 1 de Janeiro, depois de uma noite de trabalho, com uma “directa no pêlo”, ir até Penamacor.
No Ano Novo prolonga-se a tradição do Natal: comer e beber com fartura, conversar, partilhar alegrias e tristezas até altas horas da madrugada. É um culto tertuliano.
As duas noites bem regadas, passadas no bar “O Quartel” onde o karaoke foi chamariz.
Na primeira noitada, depois de fechar o bar, houve prolongamento junto de lareira bem acesa, onde a febra foi rainha. Estava deliciosa, pese embora a “sacanagem” feita por um dos convidados, armadilhou uns pedaços de carne com potentíssimo picante. Calhou-me um em sorte, foi brasa viva até ao estômago, controlada por um bem apaladado e graduado tinto caseiro.
Mas, a conversa continuou até de madrugada.
Ainda tenho presente na minha memória, a lição que ouvi, de entendida palestrante, sobre Iridologia. Confesso que foi a primeira vez que ouvi tal termo. Contudo fiquei com a vaga impressão de que não há nenhuma evidência científica que comprove o princípio ou a eficácia do método.
E porque “copos” se bebem, de ressaca se fala.
Perguntaram-me se sofria de violentas ressacas.
Não, aprendi a dominá-las, coisa que me ensinou o meu avô materno. Dos seus ensinamentos recordo que, a melhor forma de curar uma ressaca é com o mesmo que a originou, isto é, cura-se com a própria substância que a determinou. Se a ressaca é de muito vinho, cura-se com um copinho de vinho, e muito H2O, mesmo sem vontade, para regenerar o organismo.
Malandro não estrilha, aguenta a pastilha.
Têm surtido o efeito desejado.
Para surpresa, perdoando-me a mim mesmo a minha ignorância, fiquei a saber que existe um termo que define esta terapia popular, já secular: Homeopatia. Valha-me ao menos que com os copos e no meio dos copos também se aprende alguma coisa.
O vinho não provoca amnésia total.
Na segunda noite, no mesmo bar, além da memória dos momentos bem passados, apenas guardo um desabafo ouvido, quase sussurrado, e um enigmático recado que não consegui decifrar.
Como tudo o que é bom passa depressa, depressa passou a minha merecida folga. Dou comigo já em viagem de regresso a Vila Nova de Santo André, escoltado por uma chuva que persistia em não abrandar, e sem querer para companhia, pensamentos soltos que me invadiam o espírito.
Não é Feliz aquele que faz o que quer, mas sim aquele que quer o que faz.
Interrogava-me se de facto alguma vez quis o que fiz.
Não, em verdade sempre fiz o que quis.
Não posso ignorar o que fiz nem confundir o que disse.
Já fiz muita trapalhada na vida, sempre que procuro um culpado, encontro sempre o mesmo, eu próprio. E as vítimas? Invariavelmente também, sempre eu próprio.
Nunca magoei ninguém, magoar, é verbo que não consta no meu vocabulário.
Reconheço contudo, que algumas vezes, tenha feito promessas que não cumpri, tenha usado palavras de esperança, ditas sem fé, talvez porque as circunstâncias de momento assim o ditassem.
Pelo que a vida já me ensinou, e o que dela aprendi, nada quero fazer, que possa magoar seja quem for, ou de que me possa arrepender.
Errar é outro verbo que não quero no meu vocabulário.
E, tal como o tempo que passa impassível a tudo e todos, também a idade passa, e chego à conclusão que é hora de dar mais qualidade de vida à vida, e mais anos à vida.
Parar com esta vida em que alegremente se vai embrutecendo.
É hora de meter travão a muitas brutalidades desnecessárias. Também aqui fui pródigo. Já cometi tantas. E para quê? Para estes anos volvidos reconhecer, que apesar de muitos, bons e alegres momentos, não foram motivos que me geraram felicidade.
Foi com o pensamento nesta natureza paradoxal, alegria, felicidade de vida, que ainda há poucos dias em conversa com um dos meus companheiros das motas, concluímos que de facto, estava na hora de fazermos passeios a pensar apenas na qualidade de vida que podemos oferecer a nós próprios, juntando a alegria de andar de mota.
Dezenas foram os passeios que já fiz, de um só dia, onde o factor determinante era a escolha do restaurante, com qualidade, tipo farta brutos e com pratos típicos.
Almoçaradas invariavelmente bem regadas.
O que interessava era comer bem, beber melhor e andar de mota, muitos quilómetros de preferência.
Agora o critério de escolha é diferente. Mínimo, dois dias, uma noite, um bom hotel resort, com spa, sauna, massagens, etc. A mota é o meio de transporte usado para lá chegar. Dizem alguns que são passeios caros. Talvez, admito. Mas qual o gozo do dinheiro, senão o prazer de gastá-lo? Como diz o meu amigo Zapata, jamais pensarei, ter um dia no cemitério, uma placa sobre a campa, com o seguinte epitáfio:
“Aqui jaz o Homem mais rico deste cemitério”.
Mas mais grave é morrer rico e com muita saúde, digo-lhe eu.
Ou como sabiamente diz o povo nos seus provérbios:
“Não haja compaixão de quem tem cama e dorme no chão”.
Para começar bem o ano de 2010, o primeiro passeio do meu grupo de mototurismo, vai ser até um resort em Moncarapacho, no Algarve, já nos próximos dias 30 e 31 do corrente mês. Ali vamos definir data e percurso, para o grande passeio de 2010, lá para Junho.
Olho o mar e interrogo-me se um dia encontrarei alguém que goste e queira partilhar as coisas boas e simples da vida: uns passeios, umas viagens, uns jantarinhos à luz da vela, uns ternurentos momentos onde se trocam uns beijos em latim e se fala a linguagem gasosa dos anjos…os meus espaços numa fuga à solidão.
Não será de certa forma, egoísmo, o querer usufruir de tudo, só?
Olho novamente o mar e vejo o futuro com receio.
Fantástico como ainda há pouco tempo, meditando no Recinto de Nossa Senhora Do Incenso, sobre a trilogia da vida via o futuro com esperança e olhava o passado como memória.
Aqui, a olhar o mar, o passado dá saudades, e o futuro traz receios.
Influências do local de meditação?
Este mar tenebroso, que guarda, os meus gritos e lamentos da vida revolta, pelo respeito que me impõe, conduz-me a estes pensamentos de angústias metafísicas.
O receio parece invadir a minha alma.
Será por não ter a certeza se algum dia, conseguirei fazer alguém feliz?
Muito além da minha própria felicidade.
Ahhh… se eu adivinhasse.
Mas, sei que um dia não me faltará a coragem para o descobrir.
Quero alguém que me faça ver quem sou, não pelo que fui e fiz, mas pelo que pretendo vir a ser e fazer.
Quero alguém que aprenda a gostar de mim, não que me ame, mas que ame no mínimo a forma como eu quero amar.
Ainda um dia quero viver a minha história de amor, com o encanto do amor da minha vida.
Uma história longe de paixonetas, paixonites, paixões proibidas ou amores impossíveis.
É impressionante como alguém me faz sentir como ainda há coisas maravilhosas por descobrir.
Li há dias um poema, que revela quase na perfeição o meu verdadeiro Estado da Alma.
Um poema que eu poderia ter escrito, não escrevi, que qualquer um poderia ter escrito, mas que ainda estou a tempo viver.
Com a devida vénia ao autor, J. Lopes aqui o transcrevo:
Não posso dar-te soluções
Para todos os problemas da vida,
Nem tenho a resposta
Para as tuas dúvidas e temores,
Mas posso escutar-te
E compartilhar contigo.
Não posso mudar
O teu passado.
Nem o teu futuro
Contudo quando necessitares
Estarei junto a ti.
Não posso evitar que tropeces,
Somente posso oferecer-te
A minha mão
Para que a agarres e não cai-as.
As tuas alegrias,
Os teus triunfos,
Os teus êxitos,
Não são meus,
Contudo desfruto
Sinceramente
Quando te vejo feliz.
Não julgo as decisões
Que tomes na vida.
Limito-me a apoiar-te
A estimular-te
A ajudar-te
Sem que mo peças.
Não posso traçar-te limites
Dentro dos quais deves actuar,
Contudo só te ofereço esse espaço
Necessário para crescer.
Não posso evitar o teu sofrimento
Quando alguma pena
Te parta o coração,
Mas posso chorar contigo
E recolher os pedaços
Para juntá-los de novo.
Não posso dizer-te quem és
Nem quem deverias ser,
Somente posso
Amar-te como és
E ser teu amigo.
Nestes dias pensei
Nos meus amigos e amigas,
Não estavas em cima,
Nem em baixo nem no meio.
Não encabeçavas
Nem concluías a lista.
Não eras a número um
Nem o número final.
Dormir feliz.
Emanar vibrações de amor.
Saber que estamos aqui de passagem.
Melhorar as relações.
Aproveitar as oportunidades.
Escutar o coração
Acreditar na vida.
E tão pouco a
Pretensão de ser
O primeiro
O segundo
O terceiro
Da tua lista.
Basta que me queiras como Amigo
Obrigado por seres minha Amiga
”.
Zé Morgas

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pingüinos

Realiza-se neste próximo fim-de-semana, a 29ª Concentração Invernal Internacional dos Pingüinos, Ribera del Duero, Espanha.
Milhares são os motociclistas que ali rumam. Já lá marquei quatro presenças: 2005, 2006, 2007 e 2008. Estou a preparar toda a logística, para junto com os companheiros do costume, estarmos nas comemorações da 30ª concentração, dizem que vai ser de arromba, em Janeiro de 2011.
Com há imagens que valem mais que mil palavras, aqui partilho a “dureza” do vivido nos Pingüinos.

A minha mota é a primeira da esquerda, seguida das: Rui de Alvalade, Capitão Espargo e P.C.
Naquele Janeiro de 2005, as temperaturas variaram entre os 0 graus e os -5 graus centígrados. A "niebla" também marcou forte presença na viagem de regresso, até Salamanca. 2006 e 2008 foram anos de viagens com chuvas diluvianas. Verdadeiros ingredientes para uma pura concentração de Inverno. Como foi duro conduzir naquelas condições. Condições que já apanhei por mais vezes.
Motard que se preze, não pode morrer sem no mínimo, uma viagem aos Pingüinos.
Para o ano que vêm lá estarei. Os meus companheiros também.
Votos de Boas Curvas aos que se deslocarem a Valladolid.
Zé Morgas