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domingo, 10 de maio de 2009

ESTATUTO

Pelo nono ano consecutivo, estive em Puerto de Santa Maria, na altura da realização do MotoGP De Jerez de La Frontera.
Além da já habitual presença dos meus amigos e companheiros de asfalto, Goucha, Zé Manel e o veterano Palma, o Palma tem quase o dobro das minhas presenças em Puerto, estiveram connosco este ano, um grupo de motociclistas, mulheres e homens , vindos dos Açores, da ilha Terceira, 22 no total e 16 motos.
Chegaram a Portugal no dia 28, levantaram as motos no transitário em Lisboa, e, meteram-se à estrada direitinhos aqui ao Alentejo, até Santiago do Cacém.
Tínhamos à sua espera para jantar, uma deliciosa sopa de tomate com peixe, e uma divinal carne de porco preto acompanhada com umas batatinhas fritas.
E pinga a condizer. Isto no restaurante “Os Arcos” em Santiago de Cacém.
Feitas as apresentações, jantou-se, e no final fez-se um breve briefing: conselhos de condução em grupo, trajecto até Puerto e planos de visitas para os dias seguintes: a Gibraltar e a Ronda.
Foi distribuído o pessoal pelos aposentos onde pernoitariam. Como é hábito, há sempre uns duros da noite, que antes de recolherem, não dispensam uma visita pelas capelinhas locais. Foram benzidos convenientemente. O Parafuso que o diga.
Como combinado, Quarta-Feira, o ponto de encontro para tomar o pequeno-almoço foi na pastelaria Serra, em Santiago do Caçém.
Passava um pouco das 9 horas quando iniciámos a nossa viagem rumo a Puerto de Santa Maria.
O trajecto de ida foi decidido pelo Algarve, já que, estava à nossa espera, mais um companheiro em Loulé.
Santiago, Ermidas, um primeiro engano, o Chico voltou para trás, auto- estrada, paragem nas bombas de Almodôvar, aqui a “Shadow 600” do "Macaco" furou a roda dianteira, atamancou-se o furo com os meios disponíveis. Substituir a câmara-de-ar só em Faro. Coube ao Goucha, rebocar o Luís “Macaco” até lá.
Em Loulé, juntou-se ao grupo outro Luís, bem mais constituido, e seguimos viagem.
Ficou acordado parar na estação de serviço antes de Sevilha para abastecimento das motas, “pinchar” algo, e aguardar pelo Goucha e pelo “Macaco”. Chegou a “Shadow 600”, com o problema do furo resolvido, mas com um novo problema: a partir dos 110 Km/hora falhava. Problema eléctrico? Carburação? Faríamos a viagem mais devagar, o importante seria chegar. Em Puerto logo se resolveria a situação. Assim se fez.
Chegados a Puerto havia a difícil tarefa de distribuir as pessoas pelas habitações disponíveis. Coube ao Palma fazê-lo. Eu e o Goucha com grande esforço, tivemos que malhar umas “cañas”, no Romerijo, acompanhadas com umas “navalhas” e umas gambitas “al ajillo”. Tudo fizemos para merecer o cartão amarelo, ex aéquo. E não é que o conseguimos!
Surge então novo problema:
Uma Honda Hornet, tinha feito a viagem impecavelmente, parou normalmente. Quando necessária para transportar o dono aos aposentos, recusou-se a trabalhar. Entregou a alma ao criador.
Nada mais a fazer que guardá-la na garagem. Assim foi feito.
Jantou nesse dia, parte do grupo na “maison do assador”.
Quinta-feira foi dia de passeio até Gibraltar.
O “povo das avariadas", virou pendura noutras motos.
Tivemos uma primeira paragem em Tarifa e dali seguimos para o almoço
Almocei pela primeira vez, almoçou todo o grupo, num restaurante asiático em La Linea, e para surpresa minha, gostei, aliás todos gostaram.
Seguimos para Gibraltar, é sempre uma “curte” atravessar a pista de aviação, faz sempre muito vento, e dirigimo-nos para o célebre “Upper Rock Europa Point”, afim de tirar uma foto de grupo com Africa por pano de fundo. Vê-se muito bem Ceuta e Arzila. Como o grupo era muito numeroso, tornava-se complicado arranjar estacionamento, e fazer um passeio mais pormenorizado pela cidade. Em verdade há muitas lojinhas onde comprar umas recordações. Haverá com toda a certeza, outras oportunidades.
No regresso, fizemos uma visita ao circuito de velocidade de Jerez de La Frontera.
Chegados a Puerto, era imperativo levar as motos avariadas para a oficina. Apesar de Sexta-Feira ser feriado, as oficinas estariam abertas.
Oh azar, alguém do grupo, e sabendo que a “Hornet” estava avariada, não teve melhor ideia que parquear a moto na cave -3.
Subiram-na à força de braços. Gente nova e com genica.
Sexta-Feira: Passeio a Ronda e Arcos de La Frontera. Almoço em Ronda.
Ronda é tida como a cidade berço das touradas.
Arcos de la Frontera apresenta vistas impressionante sobre as planícies férteis da Andaluzia. Foi essas vistas que serviram de fundo a muitas fotos tiradas pelo grupo.
Sábado e Domingo: dois dias livres, passados em Puerto de Santa Maria.
Cada qual desfrutou a seu bel-prazer. Fizeram compras, foram tratar das motos, etc.
Domingo foi dia Grande:
O Rossi venceu a prova de MotoGP. Foi uma corrida perfeita.
Uma corrida à “IL DOTTORE”
Segunda-feira regresso a Portugal, com entrada em Sevilha, visita ao centro e à Catedral.
Confesso que estava apreensivo, o grupo era muito numeroso, para quase todos eles, era a primeira vez que se viam no meio de tanto movimento, receava que alguns se perdessem, fácil acontecer num qualquer semáforo, mas era ponto de honra para o Palma levar o grupo ao centro da cidade.
Das várias vezes que já fui a Sevilha, foi dos dias que vi menos movimento. Uma boa ajuda para um grupo tão numeroso…bastaram os contratempos e as avarias da ida, também tínhamos direito a algum momento de sorte. Aconteceu.
Contudo, não posso deixar de dar os parabéns a todo o grupo, pela exemplar forma como se comportaram e se safaram.
Mais, junto com o Palma, o Goucha, e outros companheiros, temos feitos largos milhares de Kms de moto, estamos habituados a longas tiradas e a velocidades elevadas. Pelo que conheço da ilha Terceira, e pelo que me foi dado ouvir, embora o grupo, fazendo passeios todos os fins-de-semana, são passeios curtos, bem ao jeito das maioria das motos que vieram, e do equipamento que traziam. Não duvido que algumas “nalgas” foram daqui assadas…com selas assim…
O tempo, até o tempo foi nosso amigo. Já “papei” muita chuva a caminho e no regresso de Jerez. Este ano nem uma gotinha para baptismo.
Mas, ainda bem.
Almoçamos em Serpa no “Molhó Bico” e jantámos em Santiago do Caçém no “Covas”.
Foram feitas as despedidas. Correu tudo ás mil maravilhas. Mais importante que tudo, foi não ter havido quedas.
Espero de um dia vos voltar a ver, para uma viagem aos Pinguinos.
Mais uma vez os meus parabéns a todas e todos.
E, por falar em Pinguinos, já lá fui quatro anos seguidos, este ano falhei por compromissos profissionais. O que eu padeci, para convencer o meu amigo "O+àponta", a ir lá pela primeira vez.
Recordo aqui uma palavra ouvida da boca do meu amigo"O+àponta": “ESTATUTO”
Estava eu, o "O+àponta" e o Prof., outro grande companheiro do asfalto,e com largos milhares de kilómetros feitos de moto, com sol, chuva, vento, neve. etc... sentados numa mesa de café, bebendo umas bjecas, falando de motos e de viagens de moto, kilómetros de moto, etc., quando constatei nesse dia, depois de contas feitas, que tem mais kilómetros andados a minha moto, só esta moto, sem contabilizar mais estes quase 2000 Km feitos neste passeio, que todas as motos juntas do meu amigo "O+àponta". Mas, sempre nos ia dizendo: “Nas motos, Eu tenho Estatuto”
Interroguei-me e interrogo-me sobre que estatuto. Julgando perceber o sentido com que emprega a palavra estatuto, e sem querer considerar outro tipo de definição, Será aquele tão bem descrito pelo Lula da Silva, que exibiste no dia seguinte, no vosso passeio de moto de mato, aquando da tua queda:
“vi-o debaixo da moto, com a cara no chão e as partes pudibundas expostas de tal forma, que até metia dó…”
Ou, como diria o Mestre Celestino:
“enramalhou-se todo com a cara pela areia, nalgas pró ar, ficou numa posição tão frágil, que até enfurecia…”
Ou nas tuas palavras:
“ o que quis foi libertar a perna a raspar-me dali para fora, só me cheirava a gasolina…”
O que pensar amigo? Que isto é estatuto? O teu estatuto. Será?
Claro que não.
Em relação a quedas, nos motociclistas apenas conheço duas classes:
---- Os que já caíram. Eu já cai.
---- E os que estão para cair
Pois amigo "O+àponta", para mim, estatuto, na forma como o interpretas, é o que têm esta malta dos Açores, permitam-me que assim os trate, Vir de uma pequena ilha como a Terceira, para o Continente, a maioria dos quais pela primeira vez, para realizar um passeio, rumo ao desconhecido, com tiradas maiores, que o maior dos passeios que realizam aos fins de semana, sem motos nem equipamento adequado a este tipo de passeios, isto sim, é estatuto, é estatuto de motard.
Um particular elogio á Jody.
Mulher de armas na sua Harley.
E porque de passeios gosto, no próximo dia 31 deste mês de Maio de 2009, rumarei à Madeira, de barco, levando comigo, a minha velhinha Suzuki, para descobrirmos durante sete dias, toda a beleza que a ilha têm.
Para terminar, Amigo "O+àponta", deixo aqui neste trecho do Zé Morgas um convite:
Conto contigo para o ano que vêm em Jerez, e, como já acordado com o Prof, em 2011, estaremos junto nos Pinguinos.
Que a tua VFR não crie teias de aranha, por favor.
Até lá teremos que “entornar umas”.
A todas e todos
Saudações motards e votos de boas curvas
Zé Morgas

2 comentários:

  1. Ui, até cansa de emoção!!! Eu bem gosto de andar de "mota" - agora uma "burrinha" de 50 cm3... - mas com "bombas" destas fico "gagá"!!! Texto magnífico. Parabéns!

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  2. Morgas,
    Boa descrição da viagem! Penso que estamos todos de Parabéns. O nosso Amigo "Ponta" irá certamente a Jerez. Já provou ser grande motard e ter estatuto na viagem aos Pinguins 2009.
    Abraço
    Palma

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