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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sete

Sete
Sete é o quarto número primo precedendo o onze.
Aprendi na escola preparatória que número primo é todo aquele que é somente divisível por um e por ele próprio.
Sempre gostei do número sete.
Sete são os dias da semana.
Sete são as colinas de Lisboa.
Sete são as colinas de Roma.
Sete são os sacramentos.
Sete são as Igrejas da antiguidade.
Sete são as cores do arco iris.
Sete são as notas musicais.
Sete são os pecados capitais.
Sete são as virtudes divinais.
Sete são os anões que acompanham a Branca de Neve.
Sete é sempre a soma das faces opostas num dado. Oposto ao 1 está o 6, oposto ao 2 está o 5 e oposto ao 3 está o 4.
- “É levado d'um damônho p'ra Pintar o Sete”. Era esta a expressão que tantas vezes ouvi em jovem à minha Avó materna, a Ti Conceição Pereirinha, que Deus tenha em bom repouso, sempre que eu fazia uma das minhas habituais diabruras e lhe causava grandes desatinos.
- “Fecha-o a Sete chaves” era a expressão também por ela usada para recomendar à Minha Querida Mãe Maria a maneira como me punir.
Sete, sete foram os meses que estive de baixa médica.
Como diria o meu amigo marroquino Hammed, que em abril espero visitar em Chefchaouen, a bonita cidade azul, situada nas encostas da Cordilheira do Rif, no norte de Marrocos:
- “É o Destino”.
Finalmente voltei ao trabalho e ás minhas Sete quintas.
Foi longa e penosa a minha recuperação.
Uma quinzena de dias depois de ter iniciado o tratamento com os comprimidos Clopidogrel Krival 75, fui atacado por uma súbita comichão e vermelhidão no corpo que me incomodava à séria.
Substituídos por Tromalyt 150 mg, o mal estar passou, sem contudo o inchaço na perna direita desaparecer em definitivo.
É obrigatório para voltar ao serviço a aprovação da alta médica pelo médico do departamento de saúde ocupacional, medicina no trabalho. Assim no final de outubro compareci na empresa afim de ser observado. Dada a especificidade do meu trabalho, e porque os sintomas de inchaço eram muito acentuados, fui aconselhado a voltar ao meu médico de família, pedir mais um mês de baixa e todos os dias fazer um determinado exercício fisico para complemento da total recuperação.
No final de novembro e porque os sintomas ainda persistiam, fui aconselhado no departamento de saúde ocupacional, a voltar ao médico de família e marcar uma consulta em cirurgia vascular.
Soube então pelo médico de família, que primeiramente teria de fazer um eco doppler venoso dos membros inferiores.
- Oh diabo! Nunca ouvira falar em tal coisa. Domino melhor a linguagem Sagres versus Super Bock.
Fiz o eco doppler no Hospital do Litoral Alentejano, EPE, onde tão cedo não contava entrar, no dia 10 de dezembro e com a promessa de me entregarem o resultado quinze dias depois, o que foi cumprido.
Desloquei-me ao departamento de saúde ocupacional, observados os exames feitos, disse-me o médico em serviço no dia, que teria de levar o relatório feito pelo especialista em cirurgia vascular.
Compreendi o porquê da exigência.
Dirigi-me ao médico de famíla e expus o pedido.
Com uma justificação demasiado técnica com termos que não oiço no meu quotidiano, mandou-me ter novamente com o médico da medicina no trabalho.
Relatei o sucedido, e para que mais dúvidas sobre a pretendida consulta em cirurgia vascular não houvesse, foi-me passada uma requisição por escrito, com vinheta e assinatura do médico da medicina no trabalho.
Novamente com o meu médico de família, apresentei-lhe a dita requisição, e para espanto meu, total espanto, ouvi:
- Sabe, através do SNS só lhe consigo marcar a consulta no hospital de Santa Marta em Lisboa e possivélmente só para daqui a cinco, seis meses.
- Dr., vou continuar de baixa todo esse  tempo à espera de uma simples consulta?
- Por acaso não têm nenhum seguro que possa accionar... Se não conseguir passe aqui no final de janeiro.
Pesquisei na net os hospitais mais próximos e com acordo com o meu seguro, marquei uma consulta e tudo se resolveu.
Reforçei a ideia que há muito tempo tenho formada, deveria ter sido encaminhado para este exame e consulta de cirurgia vascular no dia em que me apresentei no Hospital do Litoral Alentejano e fui observado pelo cirurgião que me reparou a hérnia incisional, e, me mandou embora dizendo-me que todo aquele inchaço era normal.
Normal noutro membro, não nos inferiores.
Entristece-me saber que desconto há mais de três décadas para um serviço de saúde, que hoje em dia se furta a marcar consultas mais onerosas.
Desgraçado de quem não têm outra possibilidade a não ser morrer de espera.
Confesso que sentia saudades de voltar ao bulício dos turnos, mais de metade da minha vida foi ali passada, com a certeza absoluta que em nenhum outro local passei tanto tempo.
Saudades também de mais uns belos passeios de mota por esse País fora.
Sábado, dia 9, para comemorar irei na minha bela Kawasaki com os meus companheiros do asfalto até terras da Amareleja, comer um valente ensopado de borrego no restaurante "O Encalho".
Promete...
Zé Morgas

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