Sete
Sete é o quarto número primo precedendo o
onze.
Aprendi na escola preparatória que número primo é todo
aquele que é somente divisível por um e por ele próprio.
Sempre gostei do número sete.
Sete são os dias da semana.
Sete são as colinas de Lisboa.
Sete são as colinas de Roma.
Sete são os sacramentos.
Sete são as Igrejas da antiguidade.
Sete são as cores do arco iris.
Sete são as notas musicais.
Sete são os pecados capitais.
Sete são as virtudes divinais.
Sete são os anões que acompanham a
Branca de Neve.
Sete é sempre a soma das faces opostas
num dado. Oposto ao 1 está o 6, oposto ao 2 está o 5 e oposto ao 3
está o 4.
- “É levado d'um damônho p'ra Pintar o
Sete”. Era esta a expressão que tantas vezes ouvi em jovem à
minha Avó materna, a Ti Conceição Pereirinha, que Deus tenha em
bom repouso, sempre que eu fazia uma das minhas habituais diabruras e
lhe causava grandes desatinos.
- “Fecha-o a Sete chaves” era a
expressão também por ela usada para recomendar à Minha Querida Mãe
Maria a maneira como me punir.
Sete, sete foram os meses que estive de
baixa médica.
Como diria o meu amigo marroquino
Hammed, que em abril espero visitar em Chefchaouen, a bonita cidade azul, situada nas encostas da Cordilheira do Rif, no norte de Marrocos:
- “É o Destino”.
Finalmente voltei ao trabalho e ás minhas Sete
quintas.
Foi longa e penosa a minha recuperação.
Uma quinzena de dias depois de ter
iniciado o tratamento com os comprimidos Clopidogrel Krival 75, fui
atacado por uma súbita comichão e vermelhidão no corpo que me incomodava à
séria.
Substituídos por Tromalyt 150 mg, o mal
estar passou, sem contudo o inchaço na perna direita desaparecer em
definitivo.
É obrigatório para voltar ao serviço
a aprovação da alta médica pelo médico do departamento de saúde
ocupacional, medicina no trabalho. Assim no final de outubro
compareci na empresa afim de ser observado. Dada a especificidade do
meu trabalho, e porque os sintomas de inchaço eram muito acentuados,
fui aconselhado a voltar ao meu médico de família, pedir mais um
mês de baixa e todos os dias fazer um determinado exercício fisico
para complemento da total recuperação.
No final de novembro e porque os
sintomas ainda persistiam, fui aconselhado no departamento de saúde
ocupacional, a voltar ao médico de família e marcar uma consulta em
cirurgia vascular.
Soube então pelo médico de família,
que primeiramente teria de fazer um eco doppler venoso dos membros
inferiores.
- Oh diabo! Nunca ouvira falar em tal
coisa. Domino melhor a linguagem Sagres versus Super Bock.
Fiz o eco doppler no Hospital do
Litoral Alentejano, EPE, onde tão cedo não contava entrar, no dia
10 de dezembro e com a promessa de me entregarem o resultado quinze
dias depois, o que foi cumprido.
Desloquei-me ao departamento de saúde
ocupacional, observados os exames feitos, disse-me o médico em
serviço no dia, que teria de levar o relatório feito pelo
especialista em cirurgia vascular.
Compreendi o porquê da exigência.
Dirigi-me ao médico de famíla e expus
o pedido.
Com uma justificação demasiado
técnica com termos que não oiço no meu quotidiano, mandou-me ter
novamente com o médico da medicina no trabalho.
Relatei o sucedido, e para que mais
dúvidas sobre a pretendida consulta em cirurgia vascular não
houvesse, foi-me passada uma requisição por escrito, com vinheta e
assinatura do médico da medicina no trabalho.
Novamente com o meu médico de família,
apresentei-lhe a dita requisição, e para espanto meu, total
espanto, ouvi:
- Sabe, através do SNS só lhe consigo
marcar a consulta no hospital de Santa Marta em Lisboa e
possivélmente só para daqui a cinco, seis meses.
- Dr., vou continuar de baixa todo esse tempo à espera de uma simples consulta?
- Por acaso não têm nenhum seguro que
possa accionar... Se não conseguir passe aqui no final de janeiro.
Pesquisei na net os hospitais mais
próximos e com acordo com o meu seguro, marquei uma consulta e tudo
se resolveu.
Reforçei a ideia que há muito tempo
tenho formada, deveria ter sido encaminhado para este exame e
consulta de cirurgia vascular no dia em que me apresentei no Hospital
do Litoral Alentejano e fui observado pelo cirurgião que me reparou
a hérnia incisional, e, me mandou embora dizendo-me que todo aquele
inchaço era normal.
Normal noutro membro, não nos
inferiores.
Entristece-me saber que desconto há
mais de três décadas para um serviço de saúde, que hoje em dia se
furta a marcar consultas mais onerosas.
Desgraçado de quem não têm outra
possibilidade a não ser morrer de espera.
Confesso que sentia saudades de voltar
ao bulício dos turnos, mais de metade da minha vida foi ali passada,
com a certeza absoluta que em nenhum outro local passei tanto tempo.
Saudades também de mais uns belos passeios de mota por esse País fora.
Sábado, dia 9, para comemorar irei na minha bela Kawasaki com os meus companheiros do asfalto até terras da Amareleja, comer um valente ensopado de borrego no restaurante "O Encalho".
Promete...
Zé Morgas
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