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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Carta Aberta VIII - Sr. Presidente C.M.Penamacor

Sr Presidente
Desde Dezembro de 1985, foi nessa data a última vez que votei, que guardava religiosamente o meu cartão de eleitor, aqui em casa, numa gaveta, junto com outros, já caducados, documentos.
E, porque me fartei de demagogias, de falsas promessas, de ser vítima de opções erradas e autoritárias, por parte de sucessivos governantes, decidi, como forma de ajudar à mudança, participar activamente na discussão da escolha, com a consequente ida ás urnas, depositar o meu voto. Isso fiz em consciência, no passado dia 27, aí em Penamacor, pois é aí que estou recenseado. Sinto orgulho em viver há 26 anos neste Alentejo Litoral, em Vila Nova De Santo André, terra que vi crescer e desenvolver-se, mas que ainda não consegui adoptar como minha.
O meu amor continua nessa terra que me viu nascer, e pelas gentes dessa terra.
Foi durante essa curta estadia, de três dias, que reparei num gigantesco out-door colocado em frente à: “A Selva da República”, outrora “O Jardim da República”, com um vistoso e enganoso título:
“A OBRA ESTÁ À VISTA”.
E que obra, Sr. Presidente?
Via estruturante sul!? Outro mamarracho, uma boa ajuda a quem mais depressa queira sair, para engordar a desertificação.
Centro Educativo…, começaram as obras, verdade; seguirão o exemplo das obras do salão Paroquial? Nunca mais acabam...
Reabilitação do Ex-quartel.
Sonhei em ver nascer ali, a Pousada de Santo Estevão Impressionante como sobressai nessa foto, em fundo, o casario em ruínas do Cimo de Vila. Ficaram por fazer, as necessárias alterações ao PDM, o que temos migrou de qualquer lado e aterrou aí de para quedas, que permitiriam corrigir muitas situações que por aí se encontram. Nada se faz, porque nada deixam fazer. Mas, falta nesse out-door, a foto da maior obra feita em Penamacor:
O colossal mamarracho do Sumagral.
Ou será que não foi colocada, a foto, porque efectivamente o mamarracho vai abaixo? Eu acredito piamente que irá!
Sr. Presidente
Mamarracho demolido, voto obtido.
Acredito que as coisas mudarão. E por acreditar, dia 11 de Outubro, farei mais um esforço, em tempo, kilometros, dinheiro, e voltarei a usar o meu cartão de eleitor, na freguesia de Penamacor. Sou daqueles que não troca o certo pelo incerto, a firmeza pela indecisão, a autoridade pelo autoritarismo, o diálogo pelo silêncio, o dinamismo pelo conformismo.
Penamacor precisa de regressar ao caminho do progresso, e isso só poderá fazer-se com os pés bem assentes na terra, ou seja, sem promessas vãs e sem optimismos que só pretendem mascarar a realidade. Tenho todas as razões para acreditar com esperança no futuro.
Quero ver trabalho empenhado na afirmação de Penamacor e de todas as freguesias do seu concelho. Quero ver uma aposta numa gestão pública inovadora, com a participação de todos.
Quero ver promoção e incentivos a dinâmicas sociais e comunitárias.
Quero ver planos e projectos para o presente e o futuro do concelho de Penamacor.
Quero ver um compromisso sério.
Quero ver em força:
Todos pelo concelho de Penamacor.
Todos por Penamacor.

Zé Morgas

sábado, 12 de setembro de 2009

Numa Encruzilhada

Há decisões que se tomam no meio de alguma indecisão. Tinha planeado ir até ao Porto, assistir aos fabulosos treinos do show, Red Bull Air Race, sexta-feira e sábado, domingo tenho que voltar ao trabalho. Seria a minha segunda presença, estive lá em 2007. Ao ouvir noticias sobre as previsões do tempo e a possibilidade da presença de nevoeiro, que cancelaria os treinos, o que aconteceu sexta-feira, resolvi pensar.
Indeciso entre o ir e não ir, decidi não ir.
Se isto me têm acontecido há uns tempos atrás, não hesitaria por certo, ia e logo se via. Rumaria à aventura. Em viagens se há coisa que descarto, são os pacotes turísticos. Aventura e emoção é o meu lema. E por vezes alguma loucura, reconheço.
Como não fui, resolvi vir até Sines, jantar num conhecido restaurante à beira-mar. Apetecia-me estar só. Fiz de seguida uma ronda pelas rotineiras capelinhas da noite.
Estranhamente, e sem saber porquê, pela minha cabeça passavam peças da minha vida de uma forma totalmente desordenada, desconexa. Coisas que a solidão e a melancolia inventa?
Não, não era esse o motivo.
O que me está a acontecer? Interrogava-me cá para mim
Algures, cá fundo, ouvia palavras amigas, de amigas / amigos que, quando falávamos das formas da vida vivida, e eu defendia a minha “vivência”, várias vezes me disseram “um dia mudarás, isso acaba, com a idade, isso passa”. Nem ligava. Vejo agora como tinham razão. Era impensável da minha parte até há bem pouco tempo admitir semelhante coisa. Mas a vida tem destas coisas, além de um enigma é uma mudança constante. É giro como a minha se está modificar. É impressionante o que a vida nos reserva. Como tinham razão, as observações que me fizeram, os conselhos que me deram, enfim, dou a mão à palmatória. Tudo tem um fim. Como as nossas naturezas são tão idênticas e tem sentimentos tão iguais. Fica-me a lição.
Com uns canecos bem benzidos, resolvi dormir no meu apartamento de Sines. Não tinha necessidade de correr riscos até Santo André. Para loucura chegou a viagem que fiz de mota na quarta-feira passada, desde uma cidade nos arredores de Lisboa até Sines: de noite e quase sempre a rolar acima dos dois zero zero.
Tive a percepção clara que deixei preocupadas, as pessoas amigas com quem jantei. Não me assiste esse direito.
Fui buscar a chave que tinha no carro, e dirigi-me a casa aproveitando para fazer uma curta caminhada. Afinal estava perto.
Queria dormir a ouvir o mar, o mar é como uma música delico-doce, daquelas que sempre nos conseguem derreter o coração.
Entrei no quarto, abri a janela e a persiana, deitei-me de costas sobre a cama, a olhar o tecto, a ouvir o mar.
Minutos depois de estar ali escarrapachado sobre o colchão, dou comigo a imaginar o futuro, a ensaiar a conversa que vou ter, a planear o encontro inesperado que pode acontecer.
- O que se passa Zé Morgas? Estás apaixonado!
Interrogou, exclamou, algo no meu íntimo.
Que grande pinta. Conserva e cultiva o melhor estado em que alguém pode estar. Aconselhou algo no meu íntimo
Levantei-me atarantado e fui até à varanda. Sentei-me na minha cadeira dos sonhos a olhar o mar.
A pouco e pouco, a minha respiração voltava ao normal, o coração tornara a descer até ao peito, embora continuasse a bater forte. Mas a cabeça ficara à razão de juros.
Como é possível, tantos anos depois, voltar a sentir aquele turbilhão por todo o corpo, motivado pelo súbito pensamento de alguém?
Emoções súbitas, desencadeadas pelo aparecimento de um estímulo súbito, intenso e totalmente inesperado, que não controlo, que não domino, e a que não resisto.
O sonhar voltou à minha vida.
Olho o mar, revejo em memória a vida passada.
Sei que tenho levado uma vida um bocado ao calhas que com o passar dos anos já não calha nada. Sei que em determinadas situações optei por opções equívocas, enganadoras e traiçoeiras, como são as soluções fáceis, que além de fáceis, também são falsas.
É como correr sem sair do mesmo sítio. Uma pessoa cansa-se, estafa-se, desespera e só vê a vida a andar para trás.
Começo a ficar farto desta vida, uma vida à boa portuguesa, à latino.
Os portugueses, aliás como os latinos em geral, gostam genericamente do convívio social, que se traduz em passeios, festas, reuniões, encontros, visitas, chás, cafés, almoços, jantares, almoçaradas e lancharadas e jantaradas e sardinhadas e outro tipo de patuscadas. A comida e a bebida, para os lusitanos, está intimamente ligada ao acto de socializar, de seduzir, de namorar, de estar em família ou em grupo.
Uma vida farta de sexo, deserta de amor.
O facto é que me cansei do sexo gratuito, das noites em camas estranhas com mulheres estranhas conhecidas umas horas, uns momentos antes.
Recordo de tempos a tempos, mulheres encontradas por acaso no canto de um sofá de uma qualquer discoteca visitada, Sobem comigo ao 2º ou ao 8º andar, para uma rápida imitação do deslumbramento e da ternura de que conheço já de cor os mínimos detalhes, desde o desenvolto whisky inicial ao primeiro soslaio de desejo suficientemente longo para não ser sincero, até o amor acabar no chapinhar do bidé, onde as grandes efusões se desvanecem à custa de sabonete, raiva e agua morna.
Despedimo-nos no corredor trocando números de telefone que imediatamente se esquecem e um beijo que a falta de batôn torna incolor, e elas evaporam-se da minha vida.
Mais, aconteceu-me por vezes acordar ao lado de uma mulher que conheci poucas horas antes, junto a um candeeiro propício de bar, de que o cone opalino confere às rugas um insidioso encanto de uma sábia maturidade, e eis que o subir da persiana me mostra, brutalmente, uma criatura avelhentada e vulnerável, naufragada nos lençóis num abandono cuja fragilidade me enfurece.
Agora, apetece-me descobrir outra vez o grandioso jogo da sedução, os olhares, as meias palavras, reaprender a saborear os beijos; Sim beijar, para começar qualquer coisa, ou para a acabar. Beijar de todas as maneiras e feitios, numa saborosa rotina ou em inesperada inquietação. Beijar porque o tempo pára e nos faz desejar mais, beijar porque não há nada igual; porque ninguém finge um beijo que junta à nossa a respiração apaixonada do outro. Usar o beijo para gritar tudo aquilo que não nos sentimos preparados para dizer...sem corar...; as carícias em corpos “calientes”, a inebriante tensão da espera. É a expectativa a dar vida ao desejo.
É quase como voltar a ser virgem outra vez, só que agora aos quarenta e muitos anos, com uma carreira bem lançada, carro, mota, apartamentos, garagem, tudo em meu nome e umas dezenas de viagens por esse mundo fora. Enfim, estar pronto a reviver as emoções da adolescência, mas desta vez sem regras. Quando tinha 18 anos sabia que no primeiro encontro, o máximo que poderia acontecer era tocar-lhe na mão. Mas, hoje, por vezes as tentações da carne nunca resistem muito tempo aos argumentos racionais. E agora?
Em teoria andamos todos a tentar descobrir os prazeres do completo equilíbrio. Mas nunca escapamos da velha indecisão entre os apelos da paixão e a nossa nova consciência dos desejos sexuais. Neste processo de análise e descoberta depressa concluímos que o sexo não pode obedecer a precisos calendários. A verdade é que nenhum de nós consegue predizer com absoluta certeza quando e por quem nos vamos apaixonar. Da mesma forma é quase impossível prever se vamos sucumbir ou resistir a uma paixão sexual.
E o pior de tudo é que muitas vezes entre as teorias que defendemos e aquilo que vivemos vai uma distancia enorme.
Por mim, começo a recusar correr qualquer risco em nome do prazer imediato. Fantástico, como entre um fugaz amor físico e uma história com os tons de um romance de amor, me começo a render às leis do coração.
Não quero encontrar uma pessoa com quem me apeteça dormir, quero encontrar uma pessoa com quem me apeteça acordar.
Sei, que ser amado é importante, mas ser desejado é fundamental.
Conhecer gente é agradável, mas ter amigos é essencial.
Isto só para dizer que somos seres sociais e que, apesar de tudo, na maior parte das vezes necessitamos desesperadamente de estar com os outros, de partilhar, de conviver e de combater a tão temida solidão, por mais que se aprenda a viver com ela.
Não sei como, mas tenho que sair desta encruzilhada.
Agora percebo, como não é fácil viver a pensar, no que se não consegue esquecer.
É verdade, a vida passa, o amor acaba.
O melhor é vivê-los.
Zé Morgas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Carta Aberta VII - Sr. Presidente C.M.Penamacor

Sr. Presidente
Passei os meus últimos dias de lay-off em Penamacor. Resolvi fazer uns passeios por lugares com motivos, que já foram assunto neste meu blogue. Não quero de forma alguma ser repetitivo nos alertas feitos, mas como as eleições autárquicas estão próximas, e afim de evitar que algumas situações até tenham algum aproveitamento, que não o que eu pretendo, que é, somente ver as coisas arranjadas e a minha vila bonita. Assim, deixo-lhe aqui três alertas e três soluções:
1º - Mamarracho do Sumagral Pela primeira vez subi ao mamarracho. Vi lá umas crianças a brincar e queixavam-se do estado do piso. Vergonhoso e perigoso o que vi. Se alguém se ali aleija, leva essa câmara com uns processos em cima. Solução: Demolir pura e simplesmente o mamarracho. O largo precisa sim, de algo que atrai-a pessoas, não de algo que as afaste, que as aleije. 2º - Grade junto ao Museu Foi reparada a base do pilar de pedra, mas, continua por soldar a grade. Está suportada numa frágil ripa de madeira. Qualquer abanão destrói novamente o que foi feito. Solução: Mandar soldar a grade o mais rapidamente possível. 3º - Vandalismo Alguém arrancou alguns elementos do gradil das condutas de águas pluviais, junto à escadaria de acesso ao jardim e lançou-as para o barranco. O mesmo sucedeu com parte do reservatório / suporte do saco do lixo, situado junto ao museu As grades deveriam estar fixas, tal como estão algumas noutros pontos da vila. Sempre dificulta a remoção.
Sr. Presidente
Sei que a culpa não é sua, e deve-lhe dar o mesmo desgosto que a mim me dá, ver o vandalismo causado nas coisas que são de todos nós. Contudo, pode o Sr. Presidente, em colaboração com a autoridade local, discutir e criar as sinergias necessárias, para evitar que tais actos aconteçam. E outros, como furtos. Rara é a vez que vou a Penamacor e não ouço falar de assaltos, até mesmo à casa de que Vª Exa. é Presidente. Vandalismos, furtos, nada se descobre, tudo passa impunemente, menos uma inofensiva e pobre mota parada à frente de um bar, junto ao dono, que dela falava com paixão. Aconteceu comigo, na minha penúltima estadia em Penamacor Com milhares de quilómetros percorridos por Portugal de Lés a Lés, Espanha, Marrocos, tinha de ser multado na minha terra natal. Até aceitaria o facto, e pagaria de bom gosto, se deixasse a mota naquele local, estacionada, abandonada durante a noite, a impedir a circulação de veículos. Não era esse, na realidade o caso. Já vi isso em Penamacor, carros nos passeios, carros a ocupar três lugares de estacionamento, com total falta de respeito pelos demais utilizadores, carros a ocupar a praça de táxis, em contra-mão, etc. novamente vi isso este fim de semana passado e nos mesmos locais. Não era o caso, eu estava a dois metros da minha mota, e, quinze ou vinte minutos depois abandonaria o local junto com a minha mota. Foi levantado o auto de infracção e sou confrontado com pagar, assinar, receber. Como era a primeira vez que me via em tal situação, e até porque a linguagem usada me levou a interpretações dúbias, nada paguei, assinei ou recebi. Interroguei o Sr. Agente se achava justo a sua actuação, disse-me que sim. Mas, que outra resposta poderia esperar. Na manhã seguinte, ao sair de casa, quando me preparava para me deslocar até ao posto local, reparo que algo de anormal se passava frente à Casa do Benfica em Penamacor. Fui até lá. Mais que a curiosidade, moveu-me o facto de ter sido também, um fundador daquela Casa. - O que se passa? - Foi assaltada durante a noite, disseram-me.
Que ironia, Sr. Presidente
Na noite em que a minha mota foi multada, a casa do Benfica foi assaltada. Ouço frequentemente relatos em Penamacor de outros casos, roubos, ninguém vê nada, nada se sabe, pouco, ou nada mesmo se descobre. Mas uma mota, junto ao dono, que dela falava com paixão, para rapazinhos amigos, que a mesma paixão alimentam, e o sonho têm, de um dia ter uma, parada numa rua em que dias haverá, por certo, nem um carro lá passará. Aproveitei para fazer um passeio pedonal, e fui até ao posto local, na periferia de Penamacor. Identifiquei-me e fui atendido pelo comandante do posto. Com clareza, explicou-me as minhas dúvidas sobre o pagar, assinar, receber os meus documentos. Como o atrás descrito, manifestei-lhe o meu desagrado pelo sucedido, alertei-o para as situações vistas, viaturas mal estacionadas, ruas “entupidas”, assim estiveram toda a noite, assim continuavam depois de eu ter regressado do posto, e levei muito tempo a caminhar a pé. Tive o cuidado de tirar umas fotos, tenho o registo em suporte digital. Igualmente lhe dei conta da ironia que é, ver uma pobre mota parada, por uns momentos numa via, que tenho a certeza, que aquela hora, ninguém incomodaria. Incómodo sim, o facto de o carro da patrulha ter estado sempre a trabalhar, o ruído é nocivo, o gasto de combustível era desnecessário, tal com a consequente emissão de CO2, que o ambiente e o planeta em nada agradece. A viatura naquela situação, também com as luzes ligadas, fornecia sem dúvidas, a exacta localização onde se encontrava a patrulha de serviço. Facilitava a vida aos ladrões, e também aqueles que praticam esses actos de vandalismo. Igualmente lhe dei conta da ironia que é, ter provavelmente a Casa do Benfica em Penamacor sido assaltada, aquela hora em que um cidadão respeitador, cumpridor dos seus deveres, pagador dos seus impostos, estava a ser multado Perguntei-lhe por onde teriam andado durante a noite, os olhos tão rigorosamente observadores, que apenas viram a minha mota. Não será de todo igual, enfrentar uma mota inofensivamente parada, ou alguém, disposto a roubar, assaltar, vandalizar, talvez armado e munido com um pé de cabra. A julgar pelos vestígios na porta da casa, tudo me leva a crer, ter sido o “auxiliar” usado no arrombamento.
Sr. Presidente
Penamacor não é digna de tanto roubo e tanto vandalismo.
Zé Morgas