Como todos sabemos, quando as condições são mais difíceis existe uma selecção natural que faz reduzir significativamente o número de participantes em determinados eventos.
O meu grupo não foge à regra.
Nunca foi slogan promocional do grupo “Muitos e Bons”.
Passeios tivemos em que viajamos mais de cem motas.
Com a marcação de passeios mais longos e de maior duração o número começou a reduzir.
Quem agora alinha sabe exactamente ao que vai e se não estiver minimamente adequado ao grupo o melhor é ficar em casa e aguardar literalmente por melhores dias.
Quem agora alinha sabe exactamente ao que vai e se não estiver minimamente adequado ao grupo o melhor é ficar em casa e aguardar literalmente por melhores dias.
Com a garantia dada pelo Nosso Grande Comandante de que não choveria, o que resulta em passeios com maior comodidade, conforto e segurança, pese o facto de pessoalmente gostar daqueles passeios com um “gostinho especial” que o frio e a chuva proporciona, compareceram no local de encontro combinado, a "Pastelaria os Galegos", junto ao Castelo, em Sines, pelas 10horas de dia 1 de Novembro, nove motas e 13 comensais, quatro corajosas penduras incluidas, para o almoço marcado no restaurante Molhó Bico em Serpa.
Bebido o primeiro café da manhã, ordem de partida, e resolve a FJ 1200 do Capitão Espargo não arrancar, a embraiagem não funcionou. Já lhe havia falhado no percurso Santiago - Sines.
Veredicto: ar no circuito de óleo.
Solução: Purgou-se o circuito do ar que por razões óbvias ali não devia andar, e tudo se resolveu.
Sines, Santiago do Cacém, Ermidas-Sado, Canhestros, e aqui o Nosso Grande Comandante contra o inicialmente definido que era seguir por Ferreira do Alentejo rumou em direcção a Aljustrel.
Estrada com mau piso, mas muito bonita a paisagem observada com a maioria dos terrenos todos lavrados.
Paragem no parque de estacionamento de uma grande superfície comercial, a trepidação do piso acelerou à descarga as bexigas mais sensiveis.
Sem que ninguém estivesse muito preocupado em saber a razão da alteração do percurso resolvemos e porque tinhamos tempo, que pararíamos em Ervidel para molhar a garganta numa tasquinha.
Estacionadas as motas no largo central soubemos que uma adega ali bem próxima abrira duas talhas de vinho nesse dia.
Fomos até lá.
A Adega da Quinta de Vale Côvo.
Entrámos.
No local estavam meia dúzia de pessoas que logo nos convidaram a provar a pinga e a comer umas castanhas assadas.
Bebi um tinto, gostei, mas logo fui aconselhado a beber o branco.
O branco, seco mas divinal. Excelente para vinho novo.
OH Grande Comandante, Bem Hajas pela decisão da alteração do percurso.
O dono, o Moreira, deu-nos uma explicação sobre a técnica e o processo de fazer o vinho naquelas enormes talhas de barro de origem romana.
Ficámos igualmente a saber, que têm à disposição uma enorme cozinha para quem queira fazer lá umas petiscadas. Vinho não falta e ainda oferece a maioria dos condimentos para cozinhar, com especial destaque para o azeite, produção da quinta.
Um local espectacular para à roda da mesa se conviver em verdadeira tertúlia de amigos.
Na hora de pagar, uma surpresa, o preço do jarro de vinho, tanto o branco como o tinto é uma pechincha.
Partimos rumo a Serpa com a certeza que um dia destes voltaremos aquela adega.
Beja…Serpa, restaurante Molhó Bico.
Situado em Serpa junto das muralhas, quase perdido numa rua estreita, aparentemente igual a tantas outras. Típica casa alentejana, com as paredes caiadas e o traço amarelo a colorir a fachada parece pequeno mas as aparências enganam. Uma vez transposta a porta, logo à entrada, somos surpreendidos pela sala para grupos com calçada portuguesa no chão e meio metro de parede em tijolo perto do tecto. A decoração à moda alentejana, é simples mas espectacular com gigantescas talhas de barro, com mais de dois metros de altura, tal como as observadas em Ervidel, na adega de Vale Côvo.
Não é difícil perceber que há mais de 60 anos este local era uma adega de vinho e que as talhas serviam precisamente para armazenar tão precioso líquido. Os trabalhadores rurais deixavam os seus carros de bois nas estrebarias e após os longos dias de trabalho ali iam matar a sede.
Mas se o ambiente é rústico, interessa esclarecer que alguns apontamentos decorativos fogem a esta tendência, introduzindo alguma originalidade ao espaço e jogando com as expectativas daqueles que por ali passam.
No total, o restaurante tem três salas: a primeira, a das talhas, ideal para grupos pelo espaço e disposição das mesas; a segunda, mais reservada e pequena, e o salão principal, onde o proprietário se reúne com os seus amigos.
Sem exagero, dá para dizer que meia Serpa por lá pára.
Bebe-se bom vinho, comem-se bons petiscos.
A comida, essa, é regional, do mais tradicional possível (sem espaço para manobras) e as meias doses vêm tão bem servidas que para gente normal ainda sobra.
Comigo não sobra nada, mas, da dose.
Defensores acérrimos do concelho de Serpa, os proprietários dão primazia aos produtos da terra. Com excepção do bacalhau, o feijão, o grão, o azeite, os ovos, o vinho e sem esquecer o pão, tentam que só produtos regionais do Alentejo sejam servidos no espaço.
No que respeita aos pratos propriamente ditos, a carta está recheada de saborosos petiscos de fazer crescer a água na boca. É quase um crime vir cá e não experimentar qualquer um dos pratos de porco preto, por exemplo. São os secretos, as plumas e as migas com carne de porco. Mas há mais, como por exemplo os pratos de borrego, tais como a caldeirada, o ensopado ou as costeletas grelhadas, para além do bacalhau espiritual, o caldo de bacalhau com beldroegas, as pataniscas de bacalhau com arroz de feijão ou o caldo de cação.
Para a sobremesa, destaque entre muitas para a tarte de requeijão, confeccionada com requeijão de leite de ovelha Merina e Campaniça ou então um bolo conventual, como a sericaia e o pão de rala.
Resumindo, boa comida e muita alegria num ambiente simpático e acolhedor, onde o cliente está à vontade e a comida justifica perfeitamente o preço.
No capítulo dos vinhos a selecção é bem cuidada.
Hora de regresso.
Beja, Ferreira do Alentejo, Canhestros, uma primeira paragem do grupo no parque de estacionamento da colectividade desportiva local. O Homem do Caminhão Tir, seguiu viagem rumo ao Litoral Alentejano, até terras de Santo André.
Canhestros, Ermidas-Sado, S. Bartolomeu da Serra, segunda paragem apenas para o trio do costume: Zé Morgas, A.G. e Capitão Espargo.
Combinada ali, entre os “duros resistentes”, a paragem final na "Cervejaria Covas" em Santiago do Cacém onde rematámos o dia com um lanche ajantarado: queijo de ovelha amanteigado, camarão à pedra de sal, e, um saboroso veneno para o ácido úrico como a foto documenta, tudo regadinho com um fresquinho branquinho BSE.
Mais um lindo passeio de mota, na companhia de gente linda.
Foram mais de duzentos e oitenta quilómetros andados na Minha GTR.
Ah vida boa!
Vida que este furacão Gasparina, (sim, porque todos os furacões têm nomes femininos), teima em arruinar acelerada e impiedosamente.
Companheiras, Companheiros
Boas curvas
Zé Morgas