Como combinado em Azenha do Mar, o ponto
de encontro foi na terra do Capitão Espargo, na pastelaria Serra.
Confesso que para tomar o pequeno almoço prefiro as bifanas na tasquinha do Diamantino ou as sandochas de presunto pata negra na cervejaria Covas.
Confesso que para tomar o pequeno almoço prefiro as bifanas na tasquinha do Diamantino ou as sandochas de presunto pata negra na cervejaria Covas.
Ausência notada, a de dois
companheiros de peso e respectivas penduras, o P.C. e o A.G. e o insubstituível Q.F.
Partiu o grupo sem destino marcado para
a useira paragem antes do almoço. Tal veio a suceder em Brinches,
uma pequena freguesia do concelho de Serpa.
Ainda nem todos tinham parqueado as
motos e já o Capitão Espargo perguntava a um compadre onde se
poderia beber um branquinho da melhor qualidade.
Ali mesmo, disse o compadre alentejano
e apontando para a entrada de um café na praça central.
Três branquinhos da Vidigueira e três
pastéis de bacalhau, caseirinhos acabados de fazer, foi o primeiro
pedido.
- Quanto é, perguntei.
- Um euro e setenta, disse-me a
simpática moça que estava atrás do balção.
- Não há engano? Quero pagar os três pastéis e os três copinhos.
- Não, está certo, tudo é um euro e
setenta.
Mandei servir nova rodada e
paguei as rodadas consumidas.
Chegou entretanto o Nosso
Grande Comandante e a pendura.
Um branquinho, um pastel de
bacalhau e um bolo seco para a pendura foi o pedido.
- Quanto é, perguntei
novamente.
- Um euro e quinze.
Paguei, completamente
admirado com os baixos preços praticados.
Fiz um figurão com pouco dinheiro.
Fiz um figurão com pouco dinheiro.
Pelas tascas de Santo André, o valor cobrado não chegaria para pagar sómente os pastelinhos de
bacalhau, e, de quase certeza de inferior qualidade.
Eu e o Capitão Espargo,
enfardamos cada, três copinhos e três pastelinhos para aconchego do
estômago.
Ao olhar aqueles copos
veio-me à memória as tabernas da minha terra, que foram muitas, recordo parte delas por onde fiz algumas rondas em moço jovem:
- Seguro, pertença do
tio do futuro candidato a Primeiro, Pouca-Tripa, Miau, Robalo, Abreu,
Ginja, Bolas, Manas Irenes, Benjamim, Galo, Ti Emília..., dizia-me o meu avô que chegaram a ser quarenta, onde os ditos
eram apelidados de “copinho de três”.
Nova partida.
Foi com enorme prazer que a rolar, com
o sol a brilhar e a temperatura o rondar os onze, doze graus,
condições ideais par curtir passeios de mota, observamos os
campos tratados, verdinhos e frescos pelos montes a perder de
vista.
E oliveiras... muitas oliveiras, alinhadinhas em
carreiros, que nunca mais acabavam.
Viagem sem as frequentes peripécias do Nosso Grande Comandante é coisa impensável.
Viagem sem as frequentes peripécias do Nosso Grande Comandante é coisa impensável.
Já em Moura, seguia eu na cola da roda
traseira da sua potente Kawasaki, prima da minha, constato que abre pisca para a direita,
porque essa modernice do GPS assim lhe indicou. A rota era em frente,
buzinei-lhe, tal como outros companheiros, sinais de luzes, mas qual
quê, a habitual distracção na condução impedem-no de estar
atento aos sinais que da rectaguarda lhe são enviados. Sonoros ou luminosos, nada ouve
nada vê... seguiu o seu caminho.
Atravessámos Moura, tomamos a direcção
de Póvoa de S. Miguel, e chegados a Amareleja ao restaurante “O
Encalho”, para surpresa já lá estava o Nosso Grande Comandante.
Quando a fome aperta sempre é melhor
“atalhar” por estradas nacionais que por vias municipais.
O espaço do restaurante “O Encalho”
é acolhedor e simples, com decoração rústica, de ambiente
informal, muito familiar e confortável.
Com a mesa previamente reservada, e devidamente composta com: pão, azeitonas retalhadas de Moura, queijos frescos e secos de Serpa, chouriço e torresmos de porco preto de Barrancos e boa pinga da Vidigueira, escolheu o grupo para almoço, bacalhau
e borrego assado no forno.
Escolhi borrego.
Fantástico! Estava simplesmente delicioso!
Escolhi borrego.
Fantástico! Estava simplesmente delicioso!
Com honestidade e em abono da verdade, nunca tinha comido
borrego tão saboroso.
Ainda pedimos, os alarves, uma dose extra para reforço dos exageros já cometidos, mas já não havia mais, tinha
esgotado. Tivemos que dar um toque final nas travessas de bacalhau, deixar sobras induz a que alguém pense que as doses vêm excessivamente servidas. Antes fazer mal, que sobrar.
Para sobremesa obsequiei o estômago
com uma generosa dose de Pão de rala. Divinal.
Um restaurante que serve o bom da
gastronomia tipicamente alentejana e cativa qualquer exigente
cliente.
Terá honras de nova visita.
Porque no grupo todos sabem que viajar
leva a um corte com a rotina e descomprime, ficou decidido que na
próxima edição dos Pinguinos, janeiro de 2014, estaremos presentes,
e, umas corajosas penduras prometeram marcar a sua presença na maior concentração invernal internacional.
Viajar
de mota com as sempre duras condições de Inverno, chuva, frio,
neve, não é pêra doce.
No
regresso uma primeira paragem do grupo para contemplar o maior lago
artificial da Europa, a bela albufeira do Alqueva, e uma segunda, já
sem a companhia do Homem do Caminhão Tir, o H.M., e suas penduras,
em Vila de Frades, que já não
tendo abades têm adegas que são catedrais.
Antiga
villa romana que revela vestígios de uma primeira ocupação no
Neolítico final, sofreu transformações diversas ao longo dos
séculos.
Na
época medieval, a ocupação religiosa transformou a villa romana
num convento, em honra de S. Cucufate, o santo padroeiro que lhe deu
o nome.
Passar
em Vila de Frades e não abrir caminho até à garganta com um jarro
de branco saído das enormes talhas de origem romana, é crime e uma
afronta a S. Cucufate.
Na
última concentração da Vidigueira, os companheiros açoreanos do
grupo motard “Os Meia Dúzia” cumpriram com dedicação naquele
espaço, o pagamento de promessas com uma dúzia de canadas de néctar baconiano sumidas garganta abaixo.
Para terminar o passeio em
beleza como habitualmente, eu e o Capitão Espargo, na Cervejaria
Covas, tivemos que encharcar umas imperiais e enterrar um naco
salgado, “fatiado”, de manta de porco preto com três dedos de altura.
Há que perdoar o mal que faz, pelo bem que sabe.
Boas curvas
Zé Morgas
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