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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Carta Aberta XXXVI - Sr. Presidente C.M.Penamacor

Sr. Presidente
Realizou-se no passado dia 16 mais um encontro convívio entre os Antigos Alunos do extinto Externato de Nossa Senhora do Incenso na aldeia mais portuguesa de Portugal, Monsanto.
Este foi o VII, e a escolha da localização geográfica para a realização do encontro foi “culpa” minha. Como prémio, sem direito a recusa, fui nomeado para a organização do próximo encontro em local à minha escolha.
Tentei demover quem me ordenou organizador, explicando-lhe a dificuldade que vou ter no próximo ano. Há muito que ando a planear uma viagem ao Cabo Norte em Moto. Doze mil quilómetros para palmilhar em vinte e um dias nos meses de Julho ou Agosto do próximo ano. A data final será ditada pelos horários dos paquetes, quero fazer um mini cruzeiro por águas dos fiordes da Escandinávia.
Sem conseguir sensibilizar a organizadora para o grave problema que me coloca, aceitei contudo.
Não fujo a desafios e prezo-me de honrar os meus compromissos. Saberei coordenar tudo.
Regrando-me pelo mesmo principio que dita a escolha dos locais de tertúlia do Grupo “Do Mar à Raia”, um encontro a sul de Penamacor outro a norte, como este convívio foi a sul, decidi para local de encontro do próximo ano, a freguesia de Benquerença.
Não nego que na escolha do local não tivesse pesado o facto de, sentado ao meu lado na mesa do repasto estar um natural de Benquerença, a exercer o cargo de Presidente da junta de freguesia de Penamacor.
Refiro-me ao Presidente Gil
Mais, é sabida a sua paixão pela caça, cada qual têm a sua, e a grande experiência na organização de faustosos banquetes no clube de caça e pesca, o que lhe confere um valiosíssimo know-how que o comensais dos convívios jamais poderão desperdiçar.
Sr Presidente
Sei que foi durante muitos anos elemento preponderante da Junta de freguesia de Benquerença.
Quem melhor que o Senhor para ciceronear o grupo dos antigos alunos numa visita ao que de mais notável têm a terra que o viu nascer?
Quase arriscaria dizer que haverá nos antigos alunos, quem ainda nunca tenha visitado a Benquerença.
Falando do luxo de um cicerone.
Tive uma entrada VIP em Monsanto por caminho mais parecido com um carreirinho, a partir das Relvas que desconhecia em absoluto, com privilegiada vista sobre a campina e a barragem:
O Caminho de Santiago.
Foi já na casa do cicerone e nas magnificas instalações em que nos recebeu, que novo abuso começou. O vinho têm lá coisas, desenferruja a memória, leva à saudade, solta as lágrimas e é sabido que as lágrimas da saudade são as mais bonitas, pois elas nascem dos risos que já foram, dos sonhos que não acabam, e das lembranças que jamais se apagam.
Na presença de alguém, com lembranças de menino, as lágrimas estiveram à porta...
Sr. Presidente
Preciso de ajuda. Formar uma comissão organizadora. Só um é pouco
Assim, desta forma, convido Vª Exª e o Sr. Presidente da Junta de Freguesia, a aceitar, sem recusa, presença na comissão organizadora do próximo convívio dos Antigos Alunos do Externato de Nossa Senhora do Incenso.
Fica a certeza que na minha próxima deslocação a Penamacor falaremos pessoalmente.
Deixo também duas sugestões para análise:
Sou um adepto confesso dos espaços abertos, “open space”.
Não será a praia fluvial do Moinhos um bom local?
Até têm espaço para colocar um grelhador com espeto para grelhar uns porquitos, e uns pipos de vinho de verdadeira uva, tinto e branco, que são uma delícia ao palato.
Haverá quem não goste, por certo. É sempre difícil agradar a gregos e a troianos, e, organizações amadoras estão sempre mais vulneráveis a falhas e sujeitas a algum abuso no serviço prestado e na qualidade servida a que são totalmente alheias. Valorizo mais o convívio e gosto mais de me sentir o gajo mais feliz do mundo, mesmo que com pouco.
Quanto ao gajo mais feliz do mundo permitam-me aqui uma transcrição de um texto retirado de um blogue, de Pedro Chagas Freitas:
O segredo para ter mais não é ter mais; é precisar de menos.
E saboreá-lo ainda mais. O gajo mais feliz do mundo não é, nunca é, o gajo que tem mais coisas do mundo. O gajo mais feliz do mundo é, é sempre, o gajo que precisa de menos coisas do mundo. O gajo que faz de um prato de sopa um banquete, o gajo que faz de um T1 um palácio, de uma cama que geme o mais faustoso dos leitos de prazer. O gajo mais feliz do mundo é o gajo menos precisado do mundo. O gajo que não precisa de mais do que aquilo que tem para ter tudo aquilo que quer ter. O segredo para a felicidade é não ter segredo nenhum. O segredo para a felicidade é valorizar a preço de ouro o que se tem e valorizar a preço de merda aquilo que não se tem. E é mesmo assim: o que tens é ouro e o que não tens é merda. E é só o facto de tu quereres o que não tens que eleva o valor do que não tens a um valor, por vezes, ainda mais elevado do que aquilo que tens. Aprende de uma vez por todas: nasceste com tudo aquilo de que precisas. Então aproveita-o. Aproveita-o em pleno. Aproveita-te em pleno. É claro que podes, e deves, querer mais. Querer mais não é errado, nem sequer é deprimente. Querer mais é fixe. É querer mais que faz o mundo andar. Quer mais. Quer todos os dias mais. Mas nunca te deixes ser menos só porque queres mais. Nunca te contentes com o que tens; mas, mais ainda, nunca fiques descontente com o que não tens. O que tens tem de nunca te deixar contentado. Mas tem, ainda assim, de te deixar contente”.
Quanto à data será decidida depois de ouvir muitas opiniões, mas tudo sugere que se mantenha.
Particularmente e excluindo a situação do próximo ano, a data usada têm sido coincidente com a realização da concentração mototuristica de Góis. Falhei as duas.
Só eu sei a mágoa que me cria.
Não me perguntem porque ando de Moto e porque gosto tanto, não o sei explicar.
Para os que me compreendem nenhuma explicação é necessária.
Para os que não me compreendem nenhuma explicação é possível.
Sei que não posso ir a todas, vou ás que posso e onde me sinto bem.
Breve começarei a enviar informação, possível data e local em Benquerença, sei que andam por aí sensibilidades feridas, mas é altura de pensar que, e todos o sabem, eu cedo descobri que absolutamente nada é definitivo na vida, cedo compreendi a inutilidade do orgulho, a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a incoerência das tolas mágoas...
Tudo faremos para juntar o maior número de pessoas em Benquerença, agradar a todas e todos com a mesma alegria e prazer.
Há que aproveitar o lado epicurista da vida, uma pequena rendição aos deleites e à satisfação dos sentidos.
Termino com os votos sinceros de parabéns e um Bem Haja às organizadoras:
São Mendes e Teresa Dionísio.
Zé Morgas

 

3 comentários:

  1. Excedeste-te. Que texto magnífico! Alegro-me contigo e agradeço o privilégio de o partilhares comigo. Connosco. Abraço.

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  2. Gostei imenso desta carta aberta... muita lúcida e empolgante para quem ainda não participou nestes convívios.

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  3. Zé Morgas....não conheço, os meus parabéns pela carta e com certeza sairá uma boa organização para novo convívio...vou tentar participar!

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