Sr.
Presidente
Foi longo e de exageros o meu almoço. Um almoço alancharado.
Na passada sexta-feira, abriram a Lagoa de Santo André ao Mar, um ritual com tradição que se repete todos os anos, de enorme espetacularidade, este ano mais cedo do que o habitual.
Foi longo e de exageros o meu almoço. Um almoço alancharado.
Na passada sexta-feira, abriram a Lagoa de Santo André ao Mar, um ritual com tradição que se repete todos os anos, de enorme espetacularidade, este ano mais cedo do que o habitual.
Este
processo, que já foi da responsabilidade da Câmara Municipal de
Santiago do Cacém e depois da Reserva Natural das Lagoas de Santo
André e da Sancha, está agora a cargo da Agência Portuguesa do
Ambiente e visa a renovação da água da lagoa, a limpeza e lavagem
do seu fundo e a entrada de algumas espécies piscícolas, com
destaque para os alvins e enguias.
O
processo, outrora feito pela força de “braços e bestas”, foi
substituído já há vários anos por máquinas. A abertura da Lagoa
de Santo André é feita todos os anos numa altura sempre próxima do
equinócio da Primavera.
Com
a abertura da Lagoa ao mar acabou a pesca da enguia, desde 2010 já
muito reduzida devido ás restrições impostas, proibição de
pescar exemplares com menos de 22 centímetros, e pesca da “enguia
prateada”, ou seja, em idade de reprodução,
com salvaguarda à conservação da espécie.
São
conhecidas pela excelência da qualidade as enguias da Lagoa de Santo
André.
Resolvi
fazer a despedida da época, não gosto das enguias que por aí
abundam, moles e com sabor a farinha, vindas dos viveiros de Aveiro,
porque fartura e boas, só a partir de Setembro.
Apreciador
como eu deste petisco digno dos deuses do Olimpo, “esgarradas” por processos
ancestrais, sem recurso ás modernas betoneiras, confecionadas seja
que de forma forem: fritas, caldeira, ensopado, acompanhou-me, entre
mais Amigos, na maratona gastronómica, um ex. colega meu já na
situação de pré-reforma, que entre os intervalos da chegada das
travessas e dos tachos, contou uma situação que não resisto a
partilhar.
Contava
o meu Amigo, há uns anos por morte de um familiar, “viu-se” ,
conjuntamente com duas irmãs, herdeiro de bens num concelho vizinho
de Penamacor, concelho onde nasceu, pouco viveu, emigrou para Angola
em tenra idade, e de onde regressou já adulto, aqui, ao Litoral
Alentejano.
Sabia
da vontade do familiar em que os bens permanecessem na posse da
família.
Um
cunhado, médico de profissão e com situação económico/financeira
desafogada manifestou interesse em ficar com os bens, onde se incluía
uma casa degradada, bastante mesmo, no centro da vila, junto à
Igreja da Paróquia.
Chegaram
a acordo.
Disse que passado algum tempo, o
cunhado foi avisado pela Câmara por carta registada com aviso de
receção, para o real perigo que a acelerada degradação da
fachada do imóvel representava, e convidado com prazo, curto, a
arranjar um compromisso de segurança para evitar a derrocada da dita
fachada.
Findo o prazo estipulado, por
esquecimento, desleixo, escudado no status, sabe lá, nada fez.
Fez a
Câmara,
Demoliu a fachada e apresentaram-lhe os custos
tidos com a demolição.
Não
gostou, não pagou.
Mais,
a Câmara guardou as pedras de granito da fachada em espaço próprio,
seis meses depois, apresentou o valor do espaço de armazenagem.
Não
gostou, não pagou.
Um semestre depois, nova “dolorosa”, e nova carta registada com aviso de receção a lembrar-lhe os direitos, deveres e obrigações que têm, e a "ameaça" de um final pouco feliz:
Um semestre depois, nova “dolorosa”, e nova carta registada com aviso de receção a lembrar-lhe os direitos, deveres e obrigações que têm, e a "ameaça" de um final pouco feliz:
Ou
paga ou fica sem o imóvel para cobrir as dívidas já acumuladas.
Sr. Presidente
Enquanto
ouvia o meu Amigo no intervalo da sofreguidão das garfadas, veio-me
logo à memória o caso em Penamacor da casa “especada” com um
pau a invadir a via pública, sito na Rua Pereira Macedo, ironia do
destino, nesta minha última estadia, tinha parado à porta da dita
casa quando voltava de mais uma valente almoçarada no restaurante da
piscina.
Passo
por lá com muita frequência, foi a Rua onde nasci.
Vi
pedras na via pública, despertaram-me a curiosidade, não vi portas
escancaradas, mas o entulho, pelos buracos das portas de madeira sai
sem pedir licença, invadindo o espaço que não lhe pertence.
A
medo fui espreitar o interior sem entrar demasiado com os olhos
dentro dos buracos.
É
medonho o que ali está. Ouvi de alguém que no momento passava:
-
“Tenha cuidado, saia daí, vai cair tudo e alguém pode ficar
ferido. Olhe que isso não resiste a outra invernia como a que
passámos”.
Levei a advertência a sério.
Levei a advertência a sério.
Sem
querer entrar por grandes paralelismos, reconheço contudo que são muitos, e
muito comuns, os problemas dos municípios
Então
porque não, também, tornar comuns as boas decisões que levam a
ações eficazes?
O
Povo de Penamacor, ficar-lhe-a grato, e em particular, os moradores e utilizadores da
Rua Pereira Macedo.
Sempre
ao dispor
Zé
Morgas
Muito bem amigo Zé. O que relata acontece em todas as Câmaras do País e desde o tempo da outra Senhora. Intima-se o dono, dá-se-lhe um prazo e caso não cumpra penhora-se o que sobra. Está tudo dito. É só querer.
ResponderEliminarMesmo que haja muito para fazer um modesto Fiscal pode dar início ao Processo e a instrução do mesmo passa pelo Serviço de Obras depois de tudo muito bem fundamentado o Sr. Presidente despacha. Onde está a dúvida? Onde reside o problema?