Tudo começou no verão de 2012 num final de tarde à roda de umas fresquinhas bjecas.
- Vamos ou não aos Pingüinos 2013? Foi a questão colocada pelo João Ferreira.- Já lá temos tantas presenças, com o dinheiro que se gasta num fim-de-semana em Valladolid, viajamos uma semana por Marrocos, retorqui eu.
- Estive lá o ano passado, mas voltava novamente
- Vamos desenhar o percurso, elaborar o programa e escolher uma data.
Desenhado o percurso, umas jantaradas de convívio para acertar uma data que permitisse o maior consenso para gozo de folgas e férias, e após três “desistências” chegámos ao número de oito companheiros para fazer a viagem, marcada para 5 a 14 de abril de 2013.
Marrocos está localizado no extremo noroeste de África. Encontra-se limitado a norte pelo Estreito de Gibraltar, onde faz fronteira com Espanha; por Ceuta, pelo Mar Mediterrâneo; a leste e a sul pela Argélia; a sul pela Mauritânea; e a oeste pelo Oceano Atlântico.
A capital política do país é Rabat e Casablanca assume-se como a capital económica do reinado.
O Islamismo é a religião predominante em Marrocos. Com mesquitas espalhadas por todo o País, habituamo-nos a ouvir o “chamamento” para rezar, cinco vezes ao dia. E é com o islamismo na sua união, que a população divide o país entre árabes e berberes.
Marrocos é uma terra de contrastes, onde a cultura islâmica e europeia se misturam de forma subtil num encontro de experiências.
Vibrante, sedutor e excitante, é um país onde o deserto imerge em verdes oásis, onde o mar se funde no céu azul, onde o Atlas nos eleva aos pontos mais altos.
Um país de sensações, talvez por isso, considerado o país mais exótico do Norte de África.
Marrocos impele-nos à descoberta.
Das suas cidades imperiais, aos labirínticos souks, das montanhas do Grande Atlas ao deserto do Sahara...
Dia 5 Abril: Santo André » Tanger - 522 Kms
Ponto de encontro em Santiago do Cacém, bem cedinho, na tasca do Diamantino para comer uma bifana das tais.
Partida e a primeira paragem em Rosal de la Frontera. A Kawa do Luís teimava em não “apagar” a luz de stop.
- Vou ligar ao Nuno.
- Deixa-te disso, disse-lhe.
Uma pequena afinação e o problema ficou solucionado.
Motas atestadas e havia que desfrutar as curvas da Serra de Aracena com o gozo do costume. No Céu umas nuvens negras, ainda altas, mas, ameaçavam-nos. Sempre a rolar atrás da chuva, com o asfalto molhado, a pouco mais de uma vintena de quilómetros de Sevilha, resolveu S. Pedro, caprichosamente descarregar uns milhares de hectolitros de água sobre as nossas impecavelmente lavadas montadas.
Que tormentosa chuvada. Aquela via tem pontos complicados de condução pelo efeito da aquaplanagem.
Que baptismo para alguns elementos do grupo.
Tinha sido todo o grupo informado da rota a seguir caso houvesse alguma confusão na passagem por Sevilha.
Num momento de desatenção ou má leitura dessas informações dadas por essas modernices do GPS, o líder do grupo falhou a rota e arrastou mais 5 elementos com ele para o interior da cidade.
Os sinais que lhe foram feito por mim e pelo Nosso Grande Comandante. Nada ouviu, nada viu.
Parámos para almoço no local combinado e muitos minutos depois estava tudo reunido novamente.
Fez-lhes bem o engano, chegaram com os fatos secos pelo vento.
Novamente na estrada a caminho de Tarifa, e novo engano do homem do GPS. Mais uma vez não atentou aos sinais da retaguarda. Parece-me um amante das confusões de trânsito citadinas.
Mas, todos chegámos aos cais de embarque a horas de comprar as passagens para o último barco que fazia a travessia para o continente africano.
Ao comprar os bilhetes ficamos a saber que o barco estava com um atraso acentuado devido ás más condições do mar, muito vento e forte ondulação.
Durante a longa espera, ouviram-se muitas histórias de mareanços, carga ao mar, chamadas pelo gregório...os mais sensíveis acusavam o toque.
Foi dura e demorada a travessia, e, se mais tempo tem durado, tinha havido quem fizesse uso, se tempo houvesse, dos sacos que as assistentes de bordo forneciam para o enjoo.
Demorado foi também no barco, o tempo passado para a pré-validação do passaporte com vista à entrada em solo marroquino.
Já em Marrocos, o espectáculo do costume, que é cumprir com todas as exigências aduaneiras.
É um serpentear em surdina de pseudo voluntariosos conhecedores do sistema, prontos a by-passar filas, uma verdadeira caçada aos Dhirames dos visitantes.
Como sempre é aguardar com serenidade todo o cumprimento das exigências das autoridades marroquinas.
Dado o avançado da hora resolveu o grupo pernoitar em Tanger.
Ficámos no Hotel Ibis, onde acabamos por jantar.
Antes da deita um passeio pedonal pela cidade, onde alguns pela primeira vez tiveram um olhar sobre o caótico e sem regras trânsito marroquino.
6 de Abril: Tanger » Meknés - 320 Kms
Pequeno-almoço no hotel.
Uma má notícia. Um companheiro tinha passado mal a noite e decidiu não continuar viagem, optando pelo regresso prematuro ao nosso Alentejo.
Seguiu o grupo rumo a Tetouan, Chefchaouen.
Chefchaouen, a cidade Azul, tem cerca de 35 mil habitantes, está localizada nas encostas da cordilheira do Rif, no norte de Marrocos. Os seus habitantes ainda utilizam o nome original da cidade, Chaouen, que significa “cumes” ou “montanhas”, mais tarde rebaptizada de Chefchaouen, observa as montanhas.
Foi esta cidade o meu primeiro destino a Marrocos, e curioso, também de Moto.
Almoço na esplanada de um dos muitos restaurantes da praça central, mesa a ser servida e por companhia a alta acústica do “chamamento”.
Comi uma saborosa tagine de ovos.
Bricka, Ouazzane, Âïn-Defali, Col du Zeggota, Volubilis.
Visita a Volubilis
Volubilis (que os árabes chamavam de Walila) foi uma das cidades romanas mais antigas do que é actualmente Marrocos . As suas ruínas encontram-se a 4 km da pequena cidade Moulay Driss Zerhoun, a norte de Meknès e foram declaradas Património Mundial da Unesco em 1997.
Meknés.
Com o hotel reservado através do Booking, havia que seguir as coordenadas dadas pelo GPS.
Levou-nos à entrada da medina. Um sinal de trânsito proibido travou-nos a marcha. Nova voltinha pela cidade e de novo no mesmo ponto. O guia João desrespeitando o sinal, avançou. Todos avançamos. Poucos metros andados e estávamos a circular pela medina por ruas pouco mais largas que a largura das malas das motas.
- Vai dar merda, disse para os meus botões
As ventoinhas de refrigeração das Kawas gemiam.
Com uma dose de sorte sem paralelo safámo-nos sem um arranhão nas malas, sem ter “esbarrado” numa parede tão típica nas medinas que põem fim ás estreitas ruas, sem ser incomodados por ninguém, mas também sem ter encontrado o hotel.
Já parados numa larga avenida, em frente a um dos acessos à medina lá foi o Valter, a penantes, à procura do hotel.
Quis o destino, como diz o Hammed, que tenha dado de caras com um simpático marroquino, dono de uma banca na medina que lhe indicou o hotel, e posteriormente nos veio indicar o parque do dito hotel, que não era mais que o parque público, junto ao edifício da policia local, a 1 quilómetro do hotel.
Ali ficaram as motas, guardadas, mas longe de nós.
Valeram as tagines servidas ao jantar no restaurante Riad d'or, sito bem no coração da medina.
7 de Abril: Meknés » Merzouga - 489 Kms
Antes do pequeno-almoço um olhar sobre a cidade do terraço do hotel. São milhares de antenas parabólicas instaladas no cimo daqueles telhados.
Longa a caminhada matinal até ás motas com a bagagem ás costas.
Partida.
Que paisagem. São a perder de vista as vinhas (francesas) observadas.
Paragem no coração do médio atlas, a 52 kms de Meknés, no mirante do Ita, com fabulosa vista sobre o vale de Tigrign.
Prosseguiu a viagem até Arzou, para visita á lendária floresta dos cedros, onde está o que afirmam ser o cedro mais alto do mundo.
Até Midelt foi rolar pelo alto da montanha sempre a observar a neve. Uma paisagem indescritível, prazenteira mesmo.
Chegada a Midelt à hora de almoço.
Porque as motas ficavam mesmo debaixo de olho, abancamos na esplanada do restaurante Merzouga, propriedade do Chirif, personagem única de sorriso rasgado até ás orelhas e riso estridente, muito “kifo” abanava aquela tola.
Clara era a ementa e a tabela afixada mesmo ao lado do artesanal engenho de assar os frangos, mas há sempre alguém com mais olhos que barriga,
Para mim um frango, quero só meio, a mim basta-me um quarto.
Perguntámos se era possível beber umas cervejas. Sim.
Chamou Chirif alguém da sua confiança, esfrega as mãos nas sebentosas calças, ripa de uma nota do bolso traseiro, tão definida de negro que estava a rota da mão ao bolso, e pouco tardou, chegou o faxina requisitado com umas cervejas dentro de um saco de plástico.
Porque é crime aos olhos dos seguidores do profeta Alá beber descaradamente álcool nas esplanadas, havia que agasalhar as garrafas. Com as mesmas mãos com que acabara de por carvão no assador, sacar um macaquinho do nariz, rasga um já sujo jornal e faz o agasalho ás garrafosas da cerveja.
Para descaricar as ditas, a preciosa ajuda de um isqueiro.
Com azeitonas e saladinha marroquina na mesa, emborcamos a primeira cerveja. Pecava por ausência de frio. Era o que havia.
Acto de empratar a comida.
Pratos dispostos em frente ao assador, esfrega Chirif as mãos nas calças, nem sei se limpou as mãos nas calças, se foram as calças que deixavam alguma sujidade nas mãos, joga as ganápulas aos frangos, desnoca-os ao meio à má fila, coloca meio frango em cada prato.
Nada de perder a oportunidade de servir tão exageradas quantidades. Havia que aproveitar a oportunidade de ganhar mais uns dhirames.
As expressões faciais, quase caricaturais que por ali vi, mas todos comeram.
Quando a fome aperta...
Venha a conta.
Mais do dobro do que alguns pensaram.
Pois é, 1/2 frango é o dobro de 1/4.
Pão e entradas são cobradas separadamente.
É sempre a somar.
Pois é, 1/2 frango é o dobro de 1/4.
Pão e entradas são cobradas separadamente.
É sempre a somar.
Para digerir o almoço ajudou o magnífico espectáculo que é a paisagem até Er Rachidia.
Paragem para mais um cházinho.
Foi ainda equacionada a hipótese de se pernoitar em Er Rachidia, com a qual concordei em absoluto.
Havia contudo quem, o bichinho do deserto espicaçava, tudo o que mais desejava era chegar a Merzouga nesse dia.
Alertei para o facto de chegarmos já de noite, e pessoalmente desagradar-me conduzir de noite em Marrocos.
Recordei que a última vez que ali tinha estado, a estrada de Rissani para Merzouga era pista em areia.
- Estive cá o ano Passado, a estrada é boa, e o acesso ao Auberge Kasbah Tombouctou apenas têm 1 quilómetro de pista em areia, mas em bom estado, disse o João.
Um elemento não estraga o desejo de um grupo.
- Se é para seguir, partamos então.
A escurecer cada vez mais, chegamos a Merzouga já de noite.
Perto do destino a informação do GPS contrariava a indicação de uma placa que indicava a direcção do Auberge a 2 kms.
Inversão de marcha, seguiram os primeiros para a pista que a placa indicava, ainda eu virava a minha mota no asfalto.
Via-os pelo pó levantado a distanciarem-se.
Fiz-me à pista, poucos os metros andados e rogava já um chorrilho de epítetos aos ventos que a todos poria a própria existência em causa. Com grande dor de alma só me restava continuar por um caminho demolidor para o sofisticado controlo de tracção da minha Kawa, que insistia em alarmar continuadamente, e para agravar a minha falta de vista, a brutal poeirada levantada pelas motas lá da frente que aceleradamente me sujaram a viseira do capacete e as lentes dos óculos.
Devagar, a rolar devagarinho, atento aos traiçoeiros e perigosos bancos de areia do caminho, vejo um estranho movimento de um feixe de luz e disse para comigo mesmo:
- Já malhou um.
Dissipada alguma poeira, vejo uma Kawa à minha frente a rolar, devagar como eu, e uns metros à frente a terceira Kawa, deitada no chão, sobre o lado esquerdo.
Havia que parar, mas, naquele terreno...
A custo lá arranjámos um local com chão menos mole onde conseguimos parquear as motos e partir em auxílio do companheiro que tinha a sua mota deitada, enterrada na areia.
Chegados ao Auberge Tombouctou não resisti a expandir a minha ira.
Banhinho tomado e jantar no Hotel. Buffet de boa qualidade, grande variedade e bem regado.
A ouvir música berbere ao som de tambores, quarquabus, viola, e a beber um chá de ervas, mais forte que os bebidos no norte de Marrocos foi feita uma análise ao sucedido e à forma como se deve conduzir em grupo e particularmente naquelas condições tão adversas para as Kawas.
Que fique o ensinamento para situações futuras.
8 de Abril: Merzouga » Merzouga - 20 kms
Pequeno-almoço tomado e dividiu-se o Grupo.
Eu e o Nosso Grande Comandante ficamos no Auberge, foi o resto do grupo ás compras para Erfoud.
Com calma verificamos os estragos causados na moto. Fiquei com a certeza que faria a viagem de regresso a Portugal sem problemas.
Para passar a manhã, fiz a pé o reconhecimento da pista por onde passara de moto na noite anterior, assustei-me; passeei entre os camelos e circulei pelas dunas do Erg Chebbi.
Quando o cansaço apertou, e até chegar a hora de almoço, deitado num cadeirão à beira da piscina, a ouvir o chilrear dos passarinhos, a vê-los beber água da piscina para matar a sede, bebi também umas fresquinhas...
Como é bom estar num local longe de todo o ruído urbano.
Chegou entretanto o João dizendo que o resto do pessoal estava em Merzouga para almoçar, e que havia um outro caminho de acesso à estrada. Fomos ter com eles.
Nada como a luz do dia para que tudo se veja.
Lamentei o facto de não ter insistido para ficar o grupo a noite anterior em Er Rachidia.
Por várias razões.
Teriam os novatos estreantes a possibilidade de ter visitado mais uma cidade.
Teriam toda a manhã para fazer compras em Erfoud, ou melhor, em Rissani, cidade que atravessamos já de noite, na Maison Touareg, ali sim um magnífico espaço para fazer compras, local onde o tempo não conta, apenas passa.
Ter-se-ia evitado aquela queda, de dia teríamos descoberto o outro caminho, mas mesmo que se fizesse o acesso pela pista, ter-se-ia feito com outra segurança.
Disse-lhes também que andaram 120 quilómetros sem necessidade.
Estaríamos em Merzouga à mesma hora para almoçar, e até levar a monumental banhada que foi o almoço ali servido, pago e não comido.
Conhecemos ali, um motard solitário, espanhol, que deu umas dicas aos homens da GSs em como conduzir nas dunas.
9 de Abril: Merzouga » Ouarzazate - 456 km
São incríveis as paisagens desérticas entre Erfoud e Tinerhir. É qualquer coisa surreal, do tipo lunático marciano.
Almoço nas Gargantas do Todra no Kasbah les Roches, onde pernoitei a primeira vez que lá estive.
Para digestão do almoço, passagem pelo Vale das Rosas e subida do camano com curvas de cortar a respiração até ás Gargantas do Dadés.
Um cházinho de coragem para descer aquelas curvinhas que tanto gozo nos deram a subir, passar novamente pelo Vale das Rosas, admirar depois a beleza do exuberante Vale do Dadés e chegada a Ouarzazate, a cidade do cinema.
Jantar e pernoita no Hotel Ibis.
10 de Abril: Ouarzazate » Marraquexe - 219 Kms
Saída para visitar um dos mais bem preservados Kasbahs de Marrocos, Ait Ben Haddou, um local escolhido por muitos realizadores de cinema e onde foram gravados filmes como: Lourenço da Arábia, Jesus de Nazaré e o Gladiador.
Subida ao Col Du Tichka, via Telouèt, por estrada em muito mau estado, digna de um lés a lés, rodeada de paisagens áridas.
Mais de 30 Kms de sofrimento duro para as Kawas.
Chegada ao Col Du Tichka a 2260 m de altitude.
Almoço na esplanada de um restaurante bem perto, apinhada de turistas munidos de potentes e sofisticados monóculos, bem servido e o mais barato até ao momento.
A seguir ao almoço, começou a travessia da cordilheira do Grande Atlas em direcção a Marraquexe por aquela que é considerada a mais bela estrada do país a 2200 metros de altitude, onde se podem descobrir aldeias perdidas no meio da montanha e a natureza no seu estado puro.
Tizin-Tichka é uma das suas aldeias mais míticas, que permanece com neve praticamente todo o ano.
Brutal o gozo da condução até chegar a Marraquexe. Nada é ilegal, das ultrapassagens aos contínuos... todas as ilegalidades são legais.
Rodar naquela estrada é o ponto alto de uma viagem a Marrocos! Brutal!
Brutal também a entrada em Marraquexe
Para boas vindas uma aparatosa operação policial, homens, carros, os pouco ortodoxos engenhos de madeira cravados de cavilhas de caibro ultra afiadas, quem não para, fura, e por fim dois polícias de shot guns cruzadas ao peito.
Não brincam em serviço.
A surpresa que causou ver na via com duas faixas de rodagem, um cidadão a circular pela esquerda montado numa cadeira de rodas motorizada. Tudo é possível, quase tudo é permitido, menos levar com um carro em cima no meio de um transito com regras pouco cumpridas.
Como diria o meu amigo Zé das Vaquinhas:
- “São coisas mesmo ininpensáveis para o ser humano”
Motas na garagem do Hotel Red, táxis negociados e fomos ao encontro dos encantos da cidade.
Marraquexe é a segunda maior cidade de Marrocos, após Casablanca, com cerca de um milhão de habitantes.
Marraquexe é a cidade dos sentidos, dos cheiros, da cor, das formas.... que nos impelem a descobrir cada recanto e sentir a vibração de uma cidade repleta de história e tradição.
Conhecida pela sua amistosa hospitalidade, hoje Marraquexe é uma cidade cosmopolita e contemporânea ao nível de qualquer cidade europeia, oferecendo todo o conforto a quem está habituado.
As suas muralhas, jardins e sumptuosos palácios da idade do ouro fazem desta cidade imperial um cenário único, que se conjuga com a diversidade dos seus eventos culturais e desportivos, bem como uma actividade criativa e artística impar.
Exemplo é a famosíssima praça Jemaa El Fna ou Djemaa el-Fna.
Muito atentos ás serpentes, o Zé e o Bernardino de máquina na mão para o registo do momento, eis que o Zé fica com uma cobra enrolada no pescoço. Ainda atónito leva com uma segunda com a cabeça por cima do nariz a mirar-lhe os olhos.
O susto que apanhou e o grito que o Zé ali vociferou.
Berrou a bom berrar.
Que caixa pulmonar o homem têm!
Ouviu-se o berro em toda a praça, quase juro!
À noite, as barracas de comida típica dominam a praça, juntamente com centenas de turistas e locais.
Nesta praça jantou o grupo no primeiro dia em Marraquexe.
Comi uma sopa Arira e uma mista de peixe frito, estava tudo espectacular.
Para digerir a sopinha, seguiu-se um cafézinho no chique Café Extrablatt.
Vieram-me ali à memória as cervejadas emborcadas ao balcão por terras lusas...
11 de Abril: Marraquexe » Imlil » Maraquexe - 153 Kms
Passeio até Imlil sem a companhia do Nosso Grande Comandante
A aldeia de Imlil está localizada a sul de Marrakech a cerca 60 km.
É uma pequena aldeia nas montanhas do Alto Atlas de Marrocos.
Imlil é o centro do turismo de montanha em Marrocos, devido à sua posição privilegiada.O susto que apanhou e o grito que o Zé ali vociferou.
Berrou a bom berrar.
Que caixa pulmonar o homem têm!
Ouviu-se o berro em toda a praça, quase juro!
À noite, as barracas de comida típica dominam a praça, juntamente com centenas de turistas e locais.
Nesta praça jantou o grupo no primeiro dia em Marraquexe.
Comi uma sopa Arira e uma mista de peixe frito, estava tudo espectacular.
Para digerir a sopinha, seguiu-se um cafézinho no chique Café Extrablatt.
Vieram-me ali à memória as cervejadas emborcadas ao balcão por terras lusas...
11 de Abril: Marraquexe » Imlil » Maraquexe - 153 Kms
Passeio até Imlil sem a companhia do Nosso Grande Comandante
A aldeia de Imlil está localizada a sul de Marrakech a cerca 60 km.
É uma pequena aldeia nas montanhas do Alto Atlas de Marrocos.
É perto da montanha Jebel Toubkal, o pico mais alto da África do Norte
Imlil era o fim da estrada de asfalto, recentemente asfaltaram mais alguns quilómetros, e é um lugar natural para contratar guias de montanha e mulas para a caminhada para a frente.
Subimos aos 2344 metros de altitude.
Mais um terrível e abrasador percurso para as pobres Kawas.
Almoço em Asni
Aqui sim um almoço à séria
Na praça central de Asni, sentados bem em frente a um típico talho marroquino, de carne exposta ao léu, ao lado de um grelhador, foi apontar para a peça, escolher o naco a cortar, passar pela brasa e servir à mesa.
As varejeiras não resistem ao calor das brasas.
Que maravilha de costeletas de borrego.
A cara do pobre Valter...
Tal como o Luís, nunca mais vai reclamar o serviço do refeitório...
Regresso a Marraquexe
Por indisponibilidade de quartos vagos para dormir uma segunda noite no Red Hotel, tivemos de na véspera, via booking, nestas marcações o João “é um barra”, reservar novo hotel.
Hotel Akabar, de qualidade ligeiramente inferior, mas mais central. Por uma só noite bastava.
No hotel estava o faltoso do passeio, sentado à beira da piscina nas suas habituais leituras e a beber uma cervejinha.
Combinamos que após o banho iríamos fazer a visita à cidade de coche, puxado a cavalos, e jantar no restaurante Higway.
Passeio de coche pela cidade, atribulado, impressionantes as tangentes nanónicas feitas pelo coche aos carros, que tanto arrepiaram o Valter, obrigando-o a gritar desalmadamente para o homem do coche vezes sem conta:
- Olha aí pá, olha para a frente...
E, como o Zé e o João iam sentados ao lado do "piloto" do coche, a observar na plenitude as nalgas dos cavalos, foram bombasticamente presenteados com aromatizadas descargas nalgares.
- Olha aí pá, olha para a frente...
E, como o Zé e o João iam sentados ao lado do "piloto" do coche, a observar na plenitude as nalgas dos cavalos, foram bombasticamente presenteados com aromatizadas descargas nalgares.
Findo o passeio, momento de partir à descoberta do tão famoso restaurante Highway Marrakech.
Mal sabíamos o que nos esperava.
Mal sabíamos o que nos esperava.
Pedimos a informação sobre a localização do restaurante a um polícia no início da colossal avenida Mohamed V, disse-nos:
- Sigam a avenida, ao quarto semáforo viram à esquerda
Metemo-nos ao caminho, a avenida é longa e os semáforos são espaçados em distância.
No local indicado pelo polícia pediu o João nova informação e começou a nossa odisseia:
No local indicado pelo polícia pediu o João nova informação e começou a nossa odisseia:
- É ali, vá por ali, vire ali...
Oh Meu deus, descemos avenida pela direita, subimos pela esquerda, percorremos em zigue zague muitas transversais, duas léguas palmilhadas, e lá encontramos o dito.
Os meus pobres pés incharam pelo massacre infligido.
O restaurante como dizem na gíria beirã fica de costas com costas do estádio de futebol “El Harti”.
A sala do restaurante têm mesmo vista privilegiada para o campo de treinos do estádio.
A relva do campo fica ao nível da base das janelas.
Que referência.
Mas vá lá, valeu o sacrifício.
Que Acktores em estranha terra.
12 de Abril: Marraquexe » El Jadida » Casablanca – 300 Kms
Mais uma alteração ao percurso inicial. Eram já muitas.
A primeira foi no primeiro dia, não dormimos em Chefchaouen, dormimos em Tanger.
A segunda, dormimos duas noites em Merzouga, em vez de uma.
Agora em vez de partirmos rumo a Essaouria, atalhávamos direitos a El Jadida, também sem passagem por Safi.
Sabia desde o primeiro dia que tal sucederia. Lembro-me aliás de ter mostrado o programa a outro companheiro de longas viagens, o H.M., e me ter dito:
- Com tantos quilómetros para andar, as fotos vão sacá-las da net.
Havia que devorar asfalto.
Lindo, lindo os terrenos semeados com trigo que se avistam logo à saída de Marraquexe.
Chegada a El Jadida.
El Jadida fica na costa Atlântica a cerca de 90 quilómetros a sudoeste de Casablanca, é a antiga Mazagão que foi estabelecida como entreposto comercial português em 1513, para apoiar os navegadores a caminho da Índia. A fortificação existente, Cidadela Portuguesa, Património da Humanidade desde 2004, foi construída por volta de 1540. Os portugueses mantiveram-se em Mazagão até 1769. A cidade foi então abandonada, por ordem do Marquês de Pombal, e a população transportada para o Brasil onde fundou a vila de Nova Mazagão, actual Mazagão no estado de Amapá.
Hora de almoço e fomos para o mercado do peixe.
Só visto. Visite quem puder para ver as pilhas de peixe frito à espera de clientes.
Entre a desilusão das santolas apanhadas no lodo, e o polvo frito, divinal, o almoço foi bom.
Castiço, castiço, é ver como todos os comensais após as refeições lavam os dentes nos lavatórios públicos.
Visitamos a cidade, admiramos assim os vestígios lusitanos, como sejam as placas das ruas ainda em português, a Igreja da Assunção e a Cisterna Portuguesa de estilo manuelino.
Os portugueses construíram esta cisterna subterrânea para ser um depósito de armas e foi transformada em cisterna em 1514, na altura em que a cidadela foi ampliada. Era regularmente abastecida de água fresca para garantir o abastecimento de água à cidade na eventualidade de um cerco prolongado.
O reflexo das colunas e das abóbadas na água é uma visão misteriosa e surreal. O realizador Orson Wells filmou partes do filme Othello nesta sumptuosa cisterna.
A visita valeu os 10DH do bilhete.
Finda a visita, a GS do Valter apresentou-se com o pneu traseiro com pouco ar. Dirigimo-nos a uma estação de serviço, corrigida a pressão, Casablanca esperava-nos.
Com a distracção do costume, sem nunca olhar a sinais da retaguarda, à saída da cidade em vez de virar à direita, o João seguiu em frente. Tivemos o primeiro contacto com a auto-estrada marroquina.
Apenas o Nosso Grande Comandante e o Luís seguiram o percurso previamente traçado.
Nestas andanças o Nosso Grande Comandante raramente se engana.
Saímos na primeira oportunidade e voltámos à estrada marginal, é sempre bom sentir a brisa marítima.
Já perto do final, gostei de ver os milhares de cardos floridos, com a inconfundível flor, roxa, tão usados em tempos na minha terra natal e arredores, para coalho do leite, com que faziam queijos deliciosos de sabor e paladar intensos.
No destino, uma casa de turismo de habitação, Gîte Nadia, Km 13.5 R.P.1, à espera estavam o Luís e o Nosso Grande Comandante.
Foi ali naquele espaço rural, que o Valter, com paciência, procurou a causa do furo, um pequeno brochinho espetado no pneu levava o dito a um lento esvaziamento.
Ali jantámos.
13 de Abril: Casablanca » Assilah – 320 Kms
Partida para Casablanca para visitar a mesquita Hassam II
A Mesquita Hassan II (árabe: مسجد الحسن الثاني) é uma grande mesquita da cidade de Casablanca, no Boulevard Sidi Mohammed Ben Abdallah, direcção Aïn Diab, e é o mais alto templo do mundo (os lasers emitidos do minarete de 200 m de altura podem ser vistos de vários quilómetros), e o segundo maior depois da mesquita de Meca. Conta com as últimas tecnologias como resistência sísmica, tecto que se abre automaticamente, soalho aquecido e portas eléctricas.
É das poucas mesquitas do mundo muçulmano que permite a visita a turistas não muçulmanos
Auto-estrada até Rabat, saída e almoço numa bela esplanada em Salé.
Como o tempo passa depressa, para que sobrasse algum afim de visitar a medina de Arzila, o percurso foi feito novamente por auto-estrada.
Para adrenalina pura e verdadeira curte chegaram as loucas estradas da cordilheira do Atlas. Para repetir um dia.
Chegada a Assilah ao Hotel Zelis
Prova de caracóis, visita à medina, compras e jantar no restaurante Oceano, Casa Pepe
Um belíssimo jantar, também o mais caro, bem regado, todos merecíamos, era a última noite em solo marroquino.14 de Abril: Arzila » Espanha » Portugal – 607 Kms
Pequeno-almoço no hotel e havia que a apanhar auto-estrada até Tanger.
Entrega dos documentos que substituiram os registos de propriedade das motas em solo marroquino,carimbos de saída nos passaportes, e embarcamos no barco.
O mar, mais uma vez estava bravo.
Houve uma acesa troca de palavras com os amarradores, queriam a toda a força emparelhar as motas aos pares.
Uma GTR não é uma mota de mato.
Vingou a nossa vontade.
Amarradas uma a uma.
Tarifa, Algeciras, El Puerto de Santa Maria.
Almoço farto como manda a tradição, e bem pago.
Lanche em Ermidas, oferecido pelo Oliveira, no qual não estive por motivos de força maior.
Uma viagem fantástica, inesquecível, de grande aprendizagem e ensinamentos para todos os elementos do grupo.
Sempre foram quase 3500 quilómetros andados, mais de metade em muito duras condições. Recordo o troço em obras, com muita argila molhada, que agarradinha aos sulcos dos pneus, num abrir e fechar de olhos calçou todas as motas com slicks.
Até as "Bêmêdablio" GSs escorregavam...
Mas, esse é o encanto da condução nas estradas marroquinas.
Estradas para todos os gostos e para todo o tipo de motas.
Para o ano há mais.
Até Dakla.
Saudações motards aos companheiros de viagem.
Boas Curvas
Zé Morgas
Fascinante, mas já não tenho "pedalada" para tantas agruras e aventuras. Mesmo sem sair do sofá... Gostei muito, mas preciso de descansar. Para ti, grande Zé, e para os teus amigos os meus parabéns. Grande coragem! Abraço
ResponderEliminarObrigado pela informação partilhada sobre esta viagem. Em Outubro vou com minha mulher a Marrocos (saimos desde Barcelona), e vamos fazer um itenerario muito parecido ao teu.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMuito giro! Estou a preparar-me para partir também para Marrocos de mota com a SirocoTours
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