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sábado, 9 de março de 2013

Carta Aberta XXX - Sr. Presidente C.M.Penamacor


Sr. Presidente
A tarde está cinzenta, chuvosa, com ar melancólico, ouço o ruído do vento que agita os galhos das árvores que avisto da minha janela, cujas folhas ganham aos poucos o verde colorido tão reluzente aos olhos.
Para fugir a uma rotina fatigada fruto de uma “ausência” ao trabalho que já leva mais de oito meses, não quero de forma alguma contar-lhe aqui a história nem “stórias” da minha vida, aproveitei a tarde para ler o boletim informativo de Penamacor, confesso que, há uns dias largos recebido na minha caixa do correio.
Sr. Presidente
Ao ler, cito: “Olhando para trás, sou hoje levado a reconhecer que talvez haja coisas que não faria, ou, pelo menos, não faria da mesma maneira (não tenho a veleidade de me considerar infalível), mas estou de consciência tranquila e sinto que correspondi à confiança que em mim depositaram os eleitores.”
Acredito que essa reflexão a teve numa tarde de inverno. As tardes de inverno são perfeitas. O tempo nublado acinzenta tudo. Mesmo os mais empedernidos cultores da agitação, do barulho, das cores, hoje rendem-se a uma certa passividade e melancolia. Os espíritos ensimesmados reinam; os activos pagam tributo à reflexão.
Sem o sol, que provoca a rudeza dos contrastes, tudo é subtil, tudo é suave.
Tardes assim reconciliam-nos com o efêmero. Longe das certezas substanciais, ficamos flutuando entre as névoas da dúvida. A superficialidade, que aparentemente planifica, dissolve-se; acabamos ancorados no porto das insatisfações. E, ao invés de nos eternizarmos como singularidade, desejamos sumir na névoa… como a montanha e a tarde.
A vida sempre para numa tarde assim.
Não vou fazer aqui o balanço nem enumerar as obras feitas, mas a verdade é que o legado que deixa ao Povo do Concelho de Penamacor, é fértil em falta de ideias geniais e erros mamarrachais grosseiramente cometidos que sairão muito caros em manutenção num futuro já breve.
Sinto saudades do tempo em que olhava lá do alto do Quartel e via todos aqueles verdejantes campos, onde construíram aquela mamarrachal via estruturante, que ainda hoje me interrogo com que finalidade.
Temos uma variante à vila com duas faixas de rodagem, e uma via interna sem movimento que o justifique, pasme-se, com quatro faixas, separador central e passeios pedonais laterais. Que desperdício!
Nas tardes cinzentas o coração balança entre a paz e a inquietação, porque a calma e o silêncio inquietam.
Tal como o Hotel.
Compreendo o seu "regozijo" na “culpa” da persistência na concretização do objectivo no qual se empenhou desde a primeira hora, a construção de um Hotel em Penamacor.
Continuo a pensar que havia melhor solução.
A História um dia se encarregará de o recordar, deixo uma sugestão para o titulo do futuro livro a editar:
“Cem semanas de má gestão” de Domingos Bicho Torrão.
Não deseje que o Povo se iluda com as aparências.
Sr. Presidente
Gosto de passear pelas ruas de Penamacor.
Não há rua alguma em Penamacor que não tenha percorrido, fosse a pé, de triciclo, de lambreta, de carrinho de rolamentos, de bicicleta, de mota ou de carro.
No meu último passeio pelas ruas de Penamacor, foi assim que vi esta sobreira, amputada de uma valente pernada.
Disse-me quem do ofício sabe, que foi ali cometido, por não dominarem a técnica da limpeza de árvores, passe a conotação real do vocábulo, um crime.
Se há vontade em cortar e limpar deixo-lhe aqui uma sugestão, e que também poderá reencaminhar para o presidente da junta de freguesia, caso a câmara não disponha de pessoal ou meios para o fazer.
Esta foto, a visão de um matagal de sumagres, pouco dignifica quem visita a zona medieval de Penamacor.
Particularmente choca-me sobremodo por razões afectivas. O espaço onde esse matagal prolifera foi expropriado ao meu pai há largos anos pela C.M.P. Durante anos da minha juventude, nos tempos em que ainda não se ouvia falar em exploração do trabalho infantil, ajudei-o no cultivo desse terreno, culturas de sequeiro, apanha da azeitona, dos figos, e noutras tarefas necessárias. Abundavam por lá umas figueiras com figos deliciosos.
Igualmente reparei que nas imediações do poço D'El Rei há por ali umas hortinhas bem cuidadas.
Sr. Presidente
Já pensou, depois de limparem o terreno, há muito para cortar, mas muita gente com vontade de cortar ainda muito mais, tal o observado na sobreira na Rua da Serra, mandar afixar edital público nos locais do costume, a oferecer o terreno para cultivo em regime de usofruto para quem precise ou queira fazer uma cultura de subsistência para complemento do orçamento familiar mensal?
Ajudaria quem precisa, e o espaço cultivado daria um outro olhar ao local.
Creio que não faltarão candidatos.
Sr. Presidente
Estranho mas compreendo o facto de ainda não se saber o nome do candidato a seu sucessor.
Temo que, aproveitando o facto da real situação do Pais e a onda de descontentamento que impera, sabendo que a apresentação será feita pela primeira vez em Penamacor pelo Secretário Geral do PS, não me recordo de nenhuma ocorrida anteriormente, nado e criado nessa nobre Vila, obedecendo mais a táctica político partidária, se esqueça das qualidades que devem reger a escolha, condição necessária e obrigatória para a ocupação do lugar, e uso palavras muito ouvidas ao Secretário Geral do P.S.:
Julgar primeiro o mérito do candidato antes da aparência...
Prove-se o talento e derrubem-se os rótulos e os preconceitos.
Acima de tudo é necessário valorizar mais as competências do que o estatuto social.
A obsessão pelo diploma, (ostentar "Dr.") em detrimento das competências é um erro que será pago até à exaustão pelas gerações vindouras.
Se tivesse havido respeito nas exigências destas condições, o elenco a que Vª Exª preside, presidiu, não teria passado tanto tempo à frente dos destinos da Câmara Municipal de Penamacor e concelho.

Zé Morgas